• Mundo

    Monday, 29-Apr-2024 09:37:02 -03

    Tensão entre supremacistas brancos e antifascistas cresce nos EUA

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    DE SÃO PAULO

    15/08/2017 02h03

    As tensões podem se exacerbar nos Estados Unidos nas próximas semanas. Supremacistas brancos pediram autorização para sua próxima manifestação, em 16 de setembro, em Richmond, na Virgínia.

    Lá, também irão protestar contra a possível remoção de um monumento ao general Robert E. Lee, que liderou as tropas confederadas (a favor da escravidão) na Guerra Civil.

    Chip Somodevilla/Getty Images/AFP
    Manifestante da extrema direita chuta escudo de antifascista em protesto em Charlottesville
    Manifestante da extrema direita chuta escudo de antifascista em protesto em Charlottesville

    Caso autorizado, o protesto pode mais uma vez encontrar resistência do movimento negro Black Lives Matter, de ativistas de esquerda em geral, e da Antifa, grupo antifascista que se opõe a supremacistas brancos.

    O movimento Antifa vem crescendo desde a eleição de Donald Trump, no ano passado, e deve se fortalecer com a relutância do presidente de condenar o protesto dos neonazistas em Charlottesville, que acabou com uma pessoa morta e 19 feridas.

    Inspirados nos movimentos contra as ditaduras na Espanha, Itália e Alemanha nos anos 30, os "antifas" organizam-se online e não repudiam o uso de violência. No dia da posse de Trump, queimaram sacos de lixos, quebraram vitrines e um deles acertou com um soco Richard Spencer, líder do movimento nacionalista branco alt-right.

    Em fevereiro, eles protestaram de forma violenta contra uma palestra que o ativista de direita Milo Yiannopoulos daria em Berkeley, aos gritos de "Não ao ódio, não à KKK (Ku Klux Klan), não aos EUA fascistas".

    Os "antifas" estavam presentes no protesto de Charlottesville em número reduzido e se portaram de forma pacífica, na maior parte dos casos. Spencer, em entrevista nesta segunda-feira (14), chamou os ativistas de "punks babacas".

    "Éramos 20 para cada um dos Antifa, poderíamos ter matado esses caras com nossas próprias mãos. Mas não queríamos violência, queríamos só apresentar nossa mensagem bonita e poderosa."

    Os supremacistas brancos que apoiaram a eleição de Trump ainda são um movimento bem mais forte do que os "antifas". "É uma das noites mais empolgantes da minha vida! Não se enganem, nossa gente teve um papel enorme na eleição de Trump", tuitou David Duke, ex-líder da KKK, no dia da eleição.

    O mesmo Duke ressentiu-se da leve condenação que Trump fez à violência em Charlottesville, mas, durante a manifestação, havia demonstrado como os supremacistas se sentem encorajados pelo republicano. "Nós vamos concretizar as promessas de Trump, é por isso que votamos nele, porque ele vai trazer nosso país de volta para a gente."

    Duke não está sozinho na sua empolgação. Em posts depois do episódio, o site neonazista Daily Stormer afirmou: "Vamos começar a fazer isso sem parar. Vamos fazer eventos bem maiores do que esse de Charlottesville."

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024