Entre os vários símbolos com os quais desfilaram os manifestantes neonazistas e supremacistas brancos durante as polêmicas manifestações em Charlottesville, nos Estados Unidos, no último fim de semana, um deles provocou especial impacto na Argentina e no Chile.
O Hatewatch, organização que analisa crimes motivados pelo ódio, foi um dos primeiros a apontar, mas também é possível ver no pequeno documentário da "Vice" que acompanhou os neonazistas antes e durante o protesto: vários manifestantes apareceram em imagens usando camisetas que faziam referência aos "voos da morte" chilenos e argentinos.
Reprodução/Vice | ||
Manifestante usa camiseta que alude aos 'voos da morte' em protesto de supremacistas nos EUA |
As imagens mostram um helicóptero no ar durante voo e um homem, marcado pelo símbolo comunista da foice e do martelo, caindo.
Trata-se de uma referência a um dos métodos usados durante a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990), no Chile, de eliminar opositores, atirando-os de helicópteros durante o voo.
Durante a gestão Ricardo Lagos (2000-2006), uma investigação judicial concluiu que ao menos 120 pessoas foram jogadas por helicópteros do Exército chileno no oceano Pacífico.
Mesma prática foi usada na Argentina durante o regime militar (1976-1983). Prisioneiros eram sedados e atirados de aviões no Rio da Prata.
Atualmente, há cinco ex-oficiais da época cumprindo pena por esses crimes. Organizações de direitos humanos estimam que cerca de 5.000 pessoas desapareceram assim na Argentina.
As camisetas usadas pelos manifestantes nos EUA estavam à venda na Amazon até a tarde de quarta-feira (16), quando foram identificados por ativistas e pessoas em desacordo com sua comercialização, que começaram a denunciá-las nas redes sociais.
Logo, o link da loja para o item passou a dar mensagem de erro, indicando que a Amazon os havia tirado do ar.
A empresa não deu declarações a respeito. As camisetas, porém, ainda podem ser encontradas em outros sites de vendas, como o eBay.