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    Dissidentes chavistas, procuradora deposta e marido saem da Venezuela

    DE SÃO PAULO

    18/08/2017 22h08 - Atualizado às 22h37

    A dissidente chavista Luisa Ortega Díaz, procuradora-geral deposta pela Assembleia Constituinte da Venezuela, saiu do país e chegou nesta sexta-feira (18) a Bogotá, confirmou o Departamento de Migrações da Colômbia.

    Segundo as autoridades, ela e seu marido, o deputado Germán Ferrer, entraram em território colombiano à tarde, em um jatinho vindo de Aruba. Não se sabe, porém, que caminho eles fizeram da Venezuela à ilha caribenha.

    Marco Bello - 31.jul.2017/Reuters
    Luisa Ortega Díaz, procuradora-geral deposta pela Assembleia Constituinte, sai da Venezuela
    Luisa Ortega Díaz, procuradora-geral deposta pela Assembleia Constituinte, sai da Venezuela

    Eles chegam à Colômbia um dia depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), controlado pelo regime de Nicolás Maduro, decretou a prisão de Ferrer, acusado pela ditadura de liderar uma rede de extorsão a empresários.

    Segundo o canal americano Univisión, eles saíram de Caracas na noite de quinta (17), pouco depois de anunciada a sentença, e viajaram de carro até península de Paraguaná, que fica a 521 km a oeste da capital venezuelana.

    Os dissidentes, afirma a emissora, chegaram por volta das 2h30 (3h30 em Brasília) e, na sequência, pegaram uma lancha para atravessar os 25 km que separam Aruba da península. Eles teriam partido de manhã para Bogotá.

    Ortega Díaz passou a ser alvo do chavismo em 31 de março, quando chamou de ruptura constitucional a decisão em que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) atribuiu para si os poderes da Assembleia Nacional opositora.

    Devido a sua oposição, Maduro convocou o Conselho de Defesa da Nação, que reverteu a medida. A sentença foi o estopim para as manifestações contra o ditador, que já deixaram 125 mortos em quatro meses e meio.

    A pressão aumentou em maio, com a oposição à Constituinte, a denúncia da violência das forças de Maduro contra os manifestantes e a reabertura das investigações do caso envolvendo a construtora brasileira Odebrecht.

    A partir daí, o regime passou a considerá-la uma agente da oposição e abriu ao menos cinco processos contra ela na Justiça. Maduro e seus aliados também começaram a dizer que iriam retirá-la do cargo com a Constituinte.

    A ameaça foi cumprida em 5 de agosto, na primeira sessão da Casa. Horas antes, ela foi impedida de entrar na sede do Ministério Público, que foi cercada pela Guarda Nacional. Desde então não voltou a aparecer publicamente.

    No dia 10, disse ao canal americano Telemundo que dormia cada noite em um lugar diferente devido à perseguição do regime chavista. Na quarta (16), o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, denunciou Ferrer.

    Segundo Cabello, ele comandava uma rede que extorquia empresários contratados pela estatal PDVSA. Em menos de 36 horas ele foi acusado pelo Ministério Público, teve sua imunidade parlamentar cassada e a prisão decretada.

    ODEBRECHT

    A notícia sobre a saída deles é revelada horas depois da divulgação de um áudio em que Ortega Díaz diz ter provas de que Maduro e seu entorno enriqueceram no caso de corrupção da Odebrecht.

    Aos colegas que participavam de um encontro de procuradores da América Latina em Puebla, no México, ela afirma que a investigação do escândalo foi um dos motivos pelos quais foi retirada do cargo pela Constituinte.

    "Isso os deixa muito preocupados e angustiados, porque sabem que temos a informação e os detalhes de todas as operações, quantias e os personagens que enriqueceram", disse, sem dar informações sobre as provas.

    Ela pediu aos colegas que não entreguem nenhuma informação sobre o caso a Tarek William Saab, designado pela Constituinte para sucedê-la. "Seria destruir as provas e atentar contra a fonte delas."

    Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, a empreiteira pagou US$ 98 milhões a políticos venezuelanos em troca de licitações, montante só superado ao pago no Brasil.

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