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    Empresas de pagamento e serviços nos EUA boicotam grupos racistas

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    23/08/2017 02h00

    Quatro dias após a marcha de grupos racistas em Charlottesville, na Virgínia, que terminou em confrontos violentos e uma morte, a organização em defesa dos direitos dos negros Color of Change (cor da mudança) criou um site para exortar empresas de cartão de crédito e pagamento on-line a banir transações de grupos que incitam o ódio.

    A pressão teve efeito. De 123 grupos listados pela organização como "alt-right" –nome adotado pela direita radical americana que inclui ultranacionalistas brancos, grupos homofóbicos e anti-imigrantes–, de supremacistas brancos ou neonazistas, pelo menos 54 tinham sido banidos, até a terça (22), por empresas como Visa, Mastercard, American Express, Paypal, Discover e ApplePay.

    Movimento semelhante foi feito por empresas como Airbnb, Google, GoDaddy e Uber, que restringiram, nos últimos dias, seus serviços a usuários e grupos identificados como de extrema direita.

    As ações foram tomadas, principalmente, diante do questionamento de organizações e indivíduos depois que um integrante da marcha da extrema direita em Charlottesville atropelou manifestantes contrários, matando uma mulher no último dia 12.

    Exceções foram o Paypal e o Airbnb, que já tinham feito restrições antes da marcha. O Airbnb, inclusive, cancelara reservas e contas de usuários ligados ao The Daily Stormer, site de conteúdo racista, que foram a Charlottesville.

    A justificativa então foi que os hóspedes davam festas nas unidades alugadas que violavam o "compromisso de comunidade" da empresa.

    Entre as empresas de pagamento on-line, a Paypal foi a que baniu mais grupos, 38, de seu sistema, como o site Altright.com, do qual está à frente um dos líderes do movimento, Richard Spencer, que estava na marcha de Charlottesville.

    Segundo o vice-presidente para assuntos corporativos e comunicação, Franz Paasche, a empresa "vai permanecer atenta e comprometida em assegurar que as plataformas da Paypal não sejam usadas para perpetuar ódio, violência ou intolerância racial".
    Visa, Mastercard e American Express fecharam contas ligadas a 15, 16 e 23 grupos de ódio, respectivamente. As ações, geralmente embasadas nas políticas de uso das empresas, dificultam para os grupos o recebimento de doações e a venda de produtos com suas marcas.

    LUCRO

    "Hubs de supremacia branca, como o Stormfront, podem receber financiamento de seus membros porque essas empresas permitem", diz o grupo Color of Change no site, que também tem uma petição na qual o signatário assinala que cartões de crédito utiliza para mostrar às empresas "quantos usuários estão ultrajados".

    "E, ainda por cima, para cada doação ou pagamento processado para esse grupos de ódio, essas empresas pegam de 1,4% a 3,5% do dinheiro para elas. O dinheiro que elas estão ganhando em cima do ódio está sujo de sangue", diz o grupo.

    A maioria das empresas, como o Airbnb, tem excluído os usuários com base no cruzamento de seus dados com os de perfis em redes sociais identificados como de integrantes de grupos racistas organizados. Mas muitos também monitoram usuários que são denunciados por outros.

    "Fazemos com que cada um dos nossos usuários assine um termo no qual se compromete a não discriminar e nem demonstrar ódio", disse o cofundador do Airbnb, Nathan Blecharczyk, à agência Bloomberg. "Quando sabemos que algo assim ocorre, a pessoa é expulsa da nossa plataforma."

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