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Thursday, 14-Nov-2024 12:52:41 -03Jovens políticos emergem na América Latina
SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES27/08/2017 02h00
A América Latina ostenta um time de presidentes cujas idades lhes garantiria a aposentadoria pela lei de seus países: o peruano Pedro Pablo Kuczynski tem 78 anos; o uruguaio Tabaré Vázquez, 77; o brasileiro Michel Temer, 76; o colombiano Juan Manuel Santos e a chilena Michelle Bachelet têm ambos 65.
Enquanto essa geração começa a se despedir do poder, porém, a região vê surgir lideranças à esquerda e à direita que, à beira dos 40 anos, se apresenta como protagonista de uma "nova política".
Alguns disputarão as próximas eleições presidenciais em seus países. Outros preparam terreno para seu voo próprio por trás de candidaturas de líderes mais velhos.
Têm em comum, além do vigor natural da idade, a preocupação em não se mostrarem como extremistas.
Preferem ser rotulados como centro-esquerda ou centro-direita, têm boa retórica, soam informais, fazem questão de participar de eventos em que exista contato direto com o eleitorado e manejam uma boa estratégia de marketing nas redes sociais.
Um dos exemplos é Santiago Peña, 38, candidato à Presidência do Paraguai pelo partido Colorado.
"O mundo está mudando, e as sociedades têm buscado candidatos jovens, que demonstrem, além de energia, capacidade de liderança. É o caso de Emmanuel Macron, na França, ou de Justin Trudeau, no Canadá", disse, em entrevista à Folha.
"Até aqui, vivíamos uma realidade em que os presidentes chegavam ao cargo no fim da vida, quando é mais difícil promover mudanças, pois a pessoa se torna mais conservadora e sonha menos."
Há países cuja lei impede os jovens de se candidatarem ao principal cargo do Executivo. Além do Brasil, o Chile também impõe uma idade mínima de 35 anos.
Até hoje, isso não era problema, pois a maioria dos políticos lançava-se mais tarde. Mas a situação mudou com as manifestações estudantis de 2011, que criaram uma geração s com vocação política, como os hoje deputados Camila Vallejo, 29, Gabriel Boric, 31, e Giorgio Jackson, 30.
Destes, Boric seria o mais presidenciável, pois é o segundo político chileno com maior aprovação popular –45%, só perdendo para o direitista Sebastián Piñera, favorito do próximo pleito.
Com a impossibilidade de concorrer à Presidência, os membros do grupo formaram a Frente Ampla, conjunto de partidos e agrupações políticas de esquerda que convidou uma jornalista afinada a seus ideais, Beatriz Sánchez, 46, para disputar o pleito em novembro com o ex-presidente Piñera, 67, e o governista Alejandro Guillier, 64.
"Nossa aparição no cenário certamente trará a necessidade de discutir a idade mínima", disse Jackson à Folha.
Na Colômbia, destaca-se à direita o senador Iván Duque, 41. Apadrinhado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, foi uma das principais vozes na campanha pelo "não" no plebiscito sobre a paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
"Eu acredito em campanhas que instruam, que expliquem nossos argumentos diretamente ao eleitorado", diz. Duque ainda enfrentará uma disputa interna, mas sai favorecido porque o favorito da lista de Uribe, Óscar Iván Zuluaga, foi acusado de ter recebido caixa 2 da empreiteira brasileira Odebrecht.
No México, que não tem reeleição e escolhe o presidente em 2018, a oposição vem se reorganizando para tentar desbancar o PRI (Partido Revolucionário Institucional) de Enrique Peña Nieto.
O direitista PAN (Partido da Ação Nacional) tem tentado mudar sua imagem diante da avaliação negativa da gestão de Felipe Calderón (2006-12), cuja "guerra ao narcotráfico" deixou milhares de mortos.
A primeira ação foi escolher como presidente do partido Ricardo Anaya, 38, ex-líder da Câmara de Deputados, e incumbi-lo de apresentar uma agenda mais moderna.
Com uma série de atos e uma campanha nas redes sociais, Anaya vem tratando de temas antes periféricos para o PAN, como políticas de gênero e para a juventude. Caberá a ele a decisão final sobre o candidato da legenda.
"A política velha e os velhos políticos seguem vendo os jovens como instrumento para alcançar seus propósitos; o PAN de hoje pensa o contrário. Para nós, os partidos e a política devem servir aos jovens", disse Anaya.
Na Argentina, os jovens surgem tanto nas forças estabelecidas como nas novas.No lado do governo, o presidente Mauricio Macri já se transformou em padrinho de novos líderes que podem disputar sua sucessão caso os índices de aprovação da gestão sigam positivos. São nomes como o do todo-poderoso chefe de gabinete, Marcos Peña, 40, e da governadora da Província de Buenos Aires, Maria Eugenia Vidal, 43.
Do lado do kirchnerismo, há lideranças do La Cámpora, como Juan Cabandié, 39.
Outra novidade é o avanço da jovem Frente de Izquierda, que obteve um desempenho 30% melhor nas últimas primárias em relação à eleição de 2015, fazendo a crítica tanto às políticas de ajuste de Macri quanto à corrupção do kirchnerismo. Seus nomes mais conhecidos são o ex-candidato a presidente Nicolás Del Caño, 37, e a ex-deputada Myriam Bregman, 45.
"Há uma demanda dos trabalhadores de indústrias, dos jovens operários, que já não são mais respondidas pelos sindicatos tradicionais. Aí está uma fonte de nosso avanço", disse Bregman à Folha.
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