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    ONU volta a denunciar violações de direitos humanos na Venezuela

    DA REUTERS

    30/08/2017 11h18 - Atualizado às 18h14

    A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou nesta quarta-feira (30) que as forças de segurança da Venezuela cometeram "amplas e aparentemente deliberadas" violações de direitos humanos ao reprimir protestos contra o governo.

    As ações indicaram "uma política para reprimir a dissidência política e instilar o medo", disse a agência de direitos humanos da ONU em um relatório em que clamou por novas investigações.

    O texto pediu que o governo do ditador Nicolás Maduro liberte manifestantes presos arbitrariamente e pare de usar tribunais militares para julgar civis.

    Acredita-se que mais de mil pessoas estavam sob custódia até 31 de julho, entre mais de 5.000 detidos em manifestações ocorridas desde abril.

    "Relatos críveis e coerentes de vítimas e testemunhas indicam que as forças de segurança usaram força excessiva sistematicamente para conter manifestações, reprimir a dissidência e instilar o medo", disse a agência.

    As forças de segurança utilizaram cilindros de gás lacrimogêneo, motos, canhões de água e munição real para dispersar os manifestantes, segundo o documento.

    Acredita-se que o aparato de segurança venezuelano e grupos pró-governo sejam responsáveis pelas mortes de 73 pessoas desde abril, e a responsabilidade das outras 51 mortes não foi determinada.

    O saldo total de 124 mortes inclui nove membros das forças de segurança que o governo diz terem sido mortos no decorrer de julho e quatro pessoas supostamente mortas por manifestantes.

    Alguns manifestantes recorreram a meios violentos, que foram de pedras a estilingues, coquetéis molotov e morteiros caseiros, nos protestos contra Maduro e a escassez de alimento e outros bens de primeira necessidade, segundo o relatório.

    Maduro tem dito que a Venezuela é vítima de uma "insurreição armada" de opositores apoiados pelos Estados Unidos que querem obter o controle da riqueza petrolífera do país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

    Mas à medida que a crise política se agrava, o uso da força por parte do governo venezuelano escalou progressivamente, disse a ONU.

    No dia 8 de agosto, a ONU já havia denunciado o uso de torturas e força excessiva na Venezuela.

    Segundo o o Escritório do Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, há prática de tortura, com o uso de "choques elétricos, a prática de suspender os réus pelos pulsos durante períodos prolongados, asfixiá-los com gases e ameaças de morte –e em alguns casos com violência sexual– aos detidos e a seus familiares".

    Em resposta, o embaixador venezuelano na ONU em Genebra, Jorge Valero, chamou o relatório de "manipulado e sem fundamento" e acusou o Alto Comissariado de Direitos Humanos de usar "fontes enviesadas" sobre a violência.

    "O órgão se comporta como uma das tantas ONGs financiadas por interesses inconfessáveis, para satanizar, em nome dos direitos humanos, governos e povos soberanos", disse Valero. "O relatório está infestado de mentiras."

    O chavista ainda acusou o órgão das Nações Unidas de atribuir às forças de segurança "assassinatos cometidos pelos violentos e terroristas da oposição", de inflar o número de mortos e ignorar "abomináveis linchamentos" realizados pelo que chama de "grupos fascistas".

    Mergulhada em crise, a Venezuela viu protestos contra o governo e a instalação da Assembleia Nacional Constituinte, que deve reescrever a Constituição venezuelana, mobilizar milhares de opositores nos últimos meses.

    EM XEQUE

    Também nesta quarta, o alto comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Zeid Ra'ad Al Hussein, colocou em xeque a democracia na Venezuela.

    De acordo com Hussein, Maduro "foi eleito pelo povo" mas, desde então, houve uma "erosão da vida democrática" "[A democracia na Venezuela] mal está viva, se ainda estiver viva", disse Hussein.

    No dia 5 de agosto, a Folha passou a designar como ditadura o regime de Nicolás Maduro na Venezuela.

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