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    Mais 37 mil fogem em 24 h; ONU alerta para 'limpeza étnica' em Mianmar

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    05/09/2017 16h59

    Juni Kriswanto/AFP
    Indonesian activists protest against Myanmar in Surabaya, Indonesia's second largest city on September 5, 2017, about the humanitarian crisis in western Myanmar's Rakhine state on the border with Bangladesh. Indonesia's Foreign Minister Retno Marsudi met Aung San Suu Kyi as well as Myanmar's army chief General Min Aung Hlaing in Naypyidaw on September 4 in a bid to pressure the government to do more to alleviate the crisis over the plight of the Rohingya Muslim minority. / AFP PHOTO / JUNI KRISWANTO
    Ativistas indonésios protestam contra o Mianmar em Surabaya, segunda maior cidade do país

    Segundo a ONU, mais de 37 mil pessoas atravessaram a fronteira entre Mianmar e Bangladesh nas últimas 24 h para fugir de uma operação militar birmanesa.

    Desde o início dos confrontos entre os rohingyas e o Exército de Mianmar, em 25 de agosto, cerca de 125 mil pessoas fizeram a travessia.

    A maioria daqueles que buscam refúgio em Bangladesh pertencem à minoria rohingya, de religião muçulmana. Com maioria budista, o Mianmar é marcado pela influência de monges radicais que denunciam os muçulmanos como uma ameaça.

    Os rohingyas não têm direito a cidadania e são vistos por muitos em Mianmar como imigrantes ilegais da vizinha Bangladesh, apesar de reivindicarem raízes na região. Eles não têm acesso a hospitais, escolas e nem ao mercado de trabalho.

    Os confrontos começaram com um ataque a várias delegacias em 25 de agosto por parte dos rebeldes do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA, na sigla em inglês), que afirma defender os direitos da minoria muçulmana.

    O Exército birmanês reagiu com uma grande operação no estado de Rakhine, uma região pobre e remota do país.

    De acordo com dados oficiais de Mianmar, nos últimos dez dias 400 pessoas morreram, incluindo 370 "terroristas" rohingyas.

    A atual onda de violência é considerada a mais grave registrada até o momento.

    O fluxo de pessoas aumenta o temor de um desastre humanitário em Bangladesh, onde os saturados acampamentos de refugiados já abrigavam 400.000 rohingyas.

    "As pessoas estão em campos de refugiados, nas estradas, nos pátios das escolas e a céu aberto. Estão limpando a floresta para criar novos refúgios. Água e comida começam a acabar", disse Nur Khan Liton, um ativista dos direitos humanos de Bangladesh.

    Segundo um relatório do Escritório de Coordenação da ONU em Bangladesh, muitos dormem a céu aberto e precisam de água e alimentos após uma caminhada de vários dias.

    REAÇÃO INTERNACIONAL

    O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, chamou as autoridades de Mianmar a darem fim à violência contra os rohingya, alertando para o risco de limpeza étnica e de desestabilização da região.

    Ele também enviou aos 15 membros do Conselho de Segurança uma carta expressando sua preocupação de que a violência possa escalar para uma "catástrofe humanitária que poderia continuar a se expandir para além das fronteiras de Mianmar e afetar a paz e a segurança".

    Na segunda-feira (4), manifestantes denunciaram a violência contra os rohingya diante da sede do Parlamento australiano, em Canberra. Na Indonésia, onde a maioria da população é muçulmana, os protestos ocorreram em frente à embaixada de Mianmar na capital Jacarta.

    Críticas contra Aung San Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz e líder de fato de Mianmar, aumentam. Ela é acusada de não se posicionar a respeito de uma minoria que vem se queixando de perseguição há tempos.

    O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, expressou nesta terça-feira (5) sua "profunda preocupação" em um telefonema. A Turquia, país de maioria muçulmana, recebeu a autorização para enviar 1.000 toneladas de ajuda humanitária para os rohingyas.

    De acordo com um comunicado oficial, o primeiro pacote de ajuda terá arroz, peixe seco e roupas. Remédios e outros artigos serão enviados para a região em "intervalos regulares", informou o governo turco.

    Erdogan tem buscado ocupar uma posição de liderança na comunidade muçulmana internacional. Na última sexta (1º), ele afirmou que a Turquia tem a responsabilidade moral de se posicionar sobre os acontecimentos em Mianmar.

    Editoria de Arte/Folhapress

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