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    Papa Francisco chega à Colômbia para visita com agenda política

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ

    06/09/2017 02h00

    A visita à Colômbia que o papa inicia nesta quarta (6) é apresentada pela Conferência Episcopal e o governo da Colômbia, seus organizadores, como religiosa. Mas, dado o perfil de Francisco e suas visitas anteriores à América Latina (Equador, Bolívia, Cuba, Brasil e Paraguai), a política será inevitável.

    O mais importante será a celebração do fim do conflito com a ex-guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, agora o partido Força Alternativa Revolucionária Comum ). O papa foi crucial para se instalarem as negociações de paz.

    Luis Robayo/AFP
    Ambulante vende rosários, terços e imagens de santos em barraca no centro de Bogotá
    Ambulante vende rosários, terços e imagens de santos em barraca no centro de Bogotá

    Em sua passagem de quatro dias pelo país, vários atos tratarão do conflito e da reconciliação. Entre eles, o encontro com familiares de vítimas, a visita a um dos locais mais castigados pelos enfrentamentos entre Exército, guerrilha e paramilitares e um minuto de silêncio pelos mais de 250 mil mortos.

    A Farc pediu um encontro privado com o papa, mas este ainda não foi confirmado.

    A Venezuela também deve estar na agenda. Após tentativas de mediação, o papa quer fazer um novo gesto pela solução da crise entre governo e oposição e receberá, em Bogotá, um grupo de bispos venezuelanos que lhe relatará a piora da situação.

    À revista "Semana", o presidente Juan Manuel Santos afirmou que o tema será obrigatório no encontro dos dois, na quinta (7): "Em qualquer reunião entre chefes de Estado hoje se fala de Venezuela. O papa não vem só como papa, ele é um chefe de Estado".

    Francisco também deve abordar a polarização entre o presidente e seu antecessor, Álvaro Uribe. Após o plebiscito da paz, em outubro de 2016, o papa chamou os dois a Roma e pediu consenso para a paz ser concretizada –Uribe liderou a campanha contra o acordo, vencedora.

    O acordo acabou aprovado apenas pelo Congresso, e Uribe jamais o aceitou. Para dificultar a implementação, ele tem retirado do plenário os integrantes de seu partido, o Centro Democrático, toda vez que o Congresso tem de regulamentar parte do texto.

    Com eleições presidenciais em maio de 2018, os dois líderes disputarão a melhor foto com o pontífice, de preferência com seus escolhidos para o pleito (Santos e Uribe não podem concorrer).

    Uribe pediu audiência, mas disse entender se não a conseguir: "Serei respeitoso e assistirei a uma das missas com minha família". Espera-se que seja a de Medellín, capital da sua base eleitoral.

    AGENDA

    Francisco visitará quatro cidades em quatro dias. Em Bogotá, desfilará no papamóvel, visitará Santos na Casa de Nariño, irá à Catedral e rezará uma missa em que oferecerá comunhão a 125 fiéis.

    Em Villavicencio, capital do Departamento de Meta, receberá familiares de vítimas do conflito com as Farc, fará um minuto de silêncio e plantará uma árvore. No terceiro dia, em Medellín, rezará uma missa para 1 milhão de fieis.

    O papa encerra a visita em Cartagena. A costa colombiana é a região do país onde a Igreja Católica mais perde fieis para os evangélicos.

    Antes de Francisco, Paulo 6º esteve no país em 1968, e João Paulo 2º, em 1986.

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