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    Com treino e amortecedores, México aprendeu a se preparar para tremor

    BRUNO BENEVIDES
    DE SÃO PAULO

    20/09/2017 18h08

    Prédios com molas e amortecedores, crianças que sabem sair de lugares de risco em 40 segundos e casas com rotas de fuga pintadas no chão.

    Assim a Cidade do México se preparou para enfrentar os terremotos que afetam o país e reduzir o número de vítimas. Tudo para não repetir o que aconteceu em 19 de setembro de 1985, quando 10 mil pessoas morreram em um terremoto na região. Até o momento, o número de vítimas do tremor de terça-feira (19) é 50 vezes menor.

    Para efeito de comparação, o tremor teve uma magnitude maior (7,1) do que a do terremoto de 2010 no Haiti (7,0), que deixou mais de 100 mil mortos.

    "Nesses 32 anos, o México preparou sua infraestrutura para enfrentar os tremores", afirma João Carlos Gabriel, coordenador do curso de engenharia Civil da Universidade Mackenzie em Campinas.

    Reprodução
    Planilha do governo mexicano que ensina a população a se preparar para um terremoto
    Planilha do governo mexicano que ensina a população a se preparar para um terremoto

    Para isso, diz ele, a principal técnica utilizada é a colocação de molas na fundação dos prédios. "Funciona como um amortecedor de um carro, diminuindo a vibração."

    Há uma dificuldade, porém. "Isso é relativamente simples de fazer no início da construção, quando incluído no projeto. Mas com construções antigas, que já estão prontas, só com muito dinheiro", afirma ele.

    Segundo Jackson Calhau, analista do Centro de Sismologia da USP, a preparação para enfrentar os tremores tem três fases.

    A primeira é fazer um monitoramento dos abalos, criando um mapa de risco do país. "O México montou uma rede de observação de terremoto que permitiu definir quais as áreas mais vulneráveis", diz Calhau.

    A segunda etapa é o reforço das edificações. E a última é o treinamento dos moradores.

    Terremoto no México

    Devido ao terremoto de 1985, o dia 19 de setembro virou o principal dia de treinamento para terremotos na capital mexicana. De acordo com a rede de TV americana CNN, na terça-feira 7 milhões de pessoas participaram da simulação, que acontece pontualmente às 11h locais (13h de Brasília) —17 mil casas foram esvaziadas. Em 2001, no início do projeto, foram apenas 47 mil participantes.

    "Imagine a dificuldade de treinar uma população do tamanho da Cidade do México. Não é fácil mostrar a todos o que fazer, não se ensina isso de um dia para o outro", diz Calhau.

    Por isso, o governo mexicano criou o Plano Familiar de Proteção Civil, que ajuda os moradores a treinarem sozinhos. A planilha do programa mostra, por exemplo, que é preciso desenhar (em verde) a rota de fuga dentro das casas. E que o tempo para deixar o local deve ser de 40 segundos.

    No melhor estilo "faça você mesmo", o documento ensina inclusive a população a fazer uma simulação caseira do terremoto. Depois de avisar vizinhos e autoridades —para não assustar ninguém— basta desligar energia, gás, água e telefone e sair pelas rotas marcadas até chegar em segurança até um ponto de encontro pré-estabelecido.

    Editoria de Arte/Folhapress
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