• Mundo

    Thursday, 02-May-2024 11:16:20 -03

    Peru começa a debater projeto que legaliza maconha medicinal

    SYLVIA COLOMBO
    DE BUENOS AIRES

    20/09/2017 20h53

    O Congresso peruano começou, na última segunda-feira (19), a debater o projeto de lei enviado pelo Executivo em fevereiro para legalizar o uso medicinal da maconha.

    A medida, já aprovada em países da região, como Chile, Colômbia, Argentina e México, permitiria a venda, sob prescrição, e o plantio individual, sob fiscalização, da droga, com vistas a atender a pacientes que sofrem de epilepsia e Alzheimer, e como paliativo para enfermidades terminais.

    A produção e o porte para uso recreativo permaneceria proibido.

    Silvia Oshiro/AFP
    Peruvian President Pedro Pablo Kuczynski (L) and Vice President and congresswoman Mercedes Araoz, newly sworn in as the head of his ministerial team, wave to the crowd during a ceremony in the Presidential Palace in Lima on September 17, 2017. Kuczynski renewed the head of his ministerial team with Mercedes Araoz and five of 19 ministers, after Congress denied a vote of confidence to the previous team lead by Fernando Zavala. / AFP PHOTO / SILVIA OSHIRO
    Kuczynski e Mercedes Araoz, nova primeira-ministra, em cerimônia de posse nesta segunda (18)

    O presidente Pedro Pablo Kuczinsky enviou o projeto ao Congresso depois de comover-se com o pedido de um grupo de mães de crianças doentes que mantinham um local de cultivo em Lima para produzir a droga para seus filhos.

    O local foi interditado pela polícia e impedido de funcionar. O governo encomendou pesquisas e realizou consultas a especialistas antes de elaborar o projeto.

    Segundo um levantamento do instituto Ipsos, 65% dos peruanos está a favor da legalização da droga para uso medicinal.

    O projeto já passou pelas comissões de Defesa e de Saúde, mas agora enfrenta a parte mais difícil, a aprovação por parte do Congresso, de maioria oposicionista. A lei não chega num bom momento, pois o parlamento está em fricção com o presidente.

    No último fim de semana, PPK foi obrigado a nomear uma nova primeira-ministra (cargo que equivale ao de chefe de gabinete) e cinco novos ministros que haviam sido impedidos pelo parlamento de seguirem em seus postos. O governo conta com apenas 18 deputados, enquanto a oposição, liderada pelo fujimorismo, tem 130 cadeiras.

    Os fujimoristas vêm exercendo pressão sobre o Executivo e dificultando a governabilidade do país, aproveitando-se do fato de a popularidade de PPK estar em seu pior nível desde que assumiu, no ano passado, em 22%.

    Entre os pedidos dos fujimoristas estão maior flexibilidade para a exploração das minas no interior do país, medidas mais eficientes para a retomada do crescimento da economia e, o tema mais espinhoso, que se conceda um indulto ao líder do grupo, o ex-presidente Alberto Fujimori, 79, condenado a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade e corrupção.

    Além de ser oposição a PPK, os fujimoristas representam a parte mais conservadora e católica do eleitorado, portanto a tendência mais natural seria de que se opusessem à lei.

    Porém, o caso das mães impedidas de buscar tratamento a seus filhos foi de grande repercussão do Peru e comoveu a muitos, não apenas ao presidente, e explica porque as pesquisas vêm dando aprovação da população à legislação. Pode ser, portanto, que isso tenha impacto na tomada de decisão dos deputados.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024