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    Verdes podem ser a chave para formar coalizão na eleição da Alemanha

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A HEIDELBERG (ALEMANHA)

    23/09/2017 02h00

    O verde domina o escritório de Franciska Brantner na cidade alemã de Heidelberg, a 640 km de Berlim. São dessa cor o quadro de recados, os balões, o regador de plástico e a caneca, além do aro de seus óculos.

    Tudo para combinar com a política. Brantner é parlamentar pelo partido Verdes, o possível curinga da eleição alemã deste domingo (24). A legenda não está entre as primeiras nas pesquisas, mas pode ser a chave para uma coalizão.

    Sondagem recente do Forschungsgruppe Wahlen estima que a CDU (União Democrata-Cristã) da chanceler Angela Merkel terá 36% dos votos. O SPD (Partido Social-Democrata) teria 21,5%. Os Verdes, em quinto lugar, teriam apenas 8%.

    Diogo Bercito/Folhapress
    Franciska Brantner, parlamentar pelos Verdes, em seu escritório em Heidelberg

    Sem maioria no Parlamento, hoje Merkel governa com seu rival SPD, o que pode se repetir durante os próximos quatro anos.

    Mas, se quiser sacudir a coalizão, como alguns analistas sugerem, ela deve buscar os Verdes e o FDP (Partido Democrático Liberal), que teria 10% dos votos, em uma coalizão apelidada de "Jamaica" devido ao fato de as cores dos partidos -preto para a CDU, amarelo para o FDP e o verde - repetirem as da bandeira jamaicana.

    Os Verdes podem não ser expressivos nacionalmente, mas seus eleitores estão concentrados nas áreas mais prósperas, como o Estado de Baden-Württemberg, no sudoeste. Heidelberg é o melhor exemplo do fenômeno. Os Verdes têm cerca de 20% do apoio na cidade de 150 mil habitantes.

    Uma das explicações, segundo a legisladora Brantner, é o histórico de atividades. Os Verdes estão no conselho municipal, onde implementaram políticas ligadas à proteção do ambiente e à mobilidade urbana. "As pessoas sabem o que estamos fazendo e gostam."

    A estrutura da cidade favorece o partido. A Universidade Heidelberg é uma das mais antigas da Alemanha, com uma população universitária que se alinha aos ideais verdes. A média de idade é de 39,9 anos, o que faz dessa cidade a segunda mais jovem na Alemanha -a média nacional é 46,8 anos.

    "É uma população disposta a fazer alguma coisa contra a mudança climática", afirma o prefeito independente Eckart Würzner.

    Ainda que possível, uma coalizão entre a CDU, o FDP e os Verdes não será tarefa fácil. Os dois partidos menores defendem políticas díspares. "Estamos dispostos a negociar, mas o FDP é contra diversas das coisas em que acreditamos", diz Brantner. "Eles não querem, por exemplo, investir em moradia social."

    O debate, porém, não é inviável. A CDU e os Verdes já se reuniram nos anos 90 em um movimento chamado "Conexão da Pizza". Eles debatiam em um restaurante italiano, o que deu o nome.

    "A coalizão 'Jamaica' é a única alternativa", diz Oswald Metzger, um dos participantes dos encontros. A aliança entre CDU e SPD é, segundo ele, motivo para a insatisfação. "Enquanto a coalizão persistir, vão surgir pequenos partidos de protesto", afirma, citando a sigla radical de direita AfD (Alternativa para a Alemanha).

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