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    Eleição na Alemanha impacta pouco a boa relação bilateral com o Brasil

    GUILHERME MAGALHÃES
    DE SÃO PAULO

    24/09/2017 02h00

    A provável reeleição da chanceler Angela Merkel neste domingo (24) aponta para a manutenção do atual status da relação bilateral entre Alemanha e Brasil, o que é uma boa notícia.

    A importância dessa relação ficou evidente quando, em agosto de 2015, Merkel manteve a visita à então presidente Dilma Rousseff, quando a brasileira já estava mergulhada em uma crise política que culminaria em seu impeachment, um ano depois.

    Merkel veio a Brasília com diversos ministros de seu governo na primeira visita após o Brasil ter sido elevado a um seleto grupo com quem Berlim mantém "conversas de alto nível" —entre os emergentes, apenas China e Índia também gozam desse status.

    Evaristo Sá - 20.ago.2015/AFP
    Angela Merkel brinda com a então presidente Dilma Rousseff em visita ao Itamaraty, em 2015

    A segunda rodada de conversas intergovernamentais deveria ter ocorrido neste mês na Alemanha, mas a eleição alemã impediu o encontro, que deve acontecer em 2018.

    Outro sinal do peso da relação alemã com o Brasil foi a inclusão, em 2012, do país na categoria "Gestaltungsmächte", nações com potencial para moldar a agenda internacional nas próximas décadas.

    Essa classificação também foi dada aos outros Brics —China, Índia, Rússia e África do Sul—, além de México, Indonésia e Vietnã.

    "O Brasil tem uma importância estrutural e isso independe do próximo governo", afirma à Folha Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV-SP. "Nesse sentido, o impacto da eleição na relação bilateral será bastante pequeno."

    Mesmo se o atual parceiro de coalizão de Merkel, o SPD (Partido Social-Democrata), vencesse o pleito, não haveria grande diferença, pois a sigla já comanda hoje o Ministério das Relações Exteriores.

    Principal parceiro comercial da Alemanha na América Latina, o Brasil abriga cerca de 1.600 empresas alemãs. O volume de negócios entre os dois países em 2016 chegou a US$ 19,4 bilhões.

    Dois temas importantes na agenda bilateral são a reforma do Conselho de Segurança da ONU e a questão ambiental. Junto da Noruega, a Alemanha é o principal doador do Fundo Amazônia, que financia projetos para reduzir o desmatamento.

    Na visão do Itamaraty, há a expectativa da retomada das conversas sobre o acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul, interrompidas em meio à eleição. Berlim vê o acordo com bons olhos, mas aguarda-se a formação do novo governo para levar a discussão adiante.

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