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    Merkel conquista quarto mandato de chanceler, mostra boca de urna

    DIOGO BERCITO
    CAROLINA VILA-NOVA
    ENVIADOS ESPECIAIS A BERLIM

    24/09/2017 13h08 - Atualizado às 16h03

    Kai Pfaffenbach/Reuters
    People at the Christian Democratic Union CDU headquarters react on first exit polls in the German general election (Bundestagswahl) in Berlin, Germany, September 24, 2017. REUTERS/Kai Pfaffenbach ORG XMIT: MAT41
    Eleitores da CDU comemoram os primeiros resultados de boca de urna das eleições na Alemanha

    O partido da chanceler alemã, Angela Merkel, teve uma vitória agridoce nas eleições de domingo (24), marcadas pela ascensão da extrema direita, segundo as projeções de resultados.

    A CDU (União Democrata-Cristã) recebeu 33,2% dos votos, cerca de oito pontos abaixo do obtido nas últimas eleições, de acordo com a projeção feita pela Forschungsgruppe Wahlen para o canal ZDF.

    Seu rival, o SPD (Partido Social-Democrata) de Martin Schulz, registrou 20,8%, percentual que, se confirmado, será seu pior resultado na história. Ambos governam atualmente em coalizão.

    "Não há nada bonito para falar. O resultado é uma decepção amarga para nós", disse o líder da CDU, Horst Seehofer.

    "Naturalmente, esperávamos um resultado melhor", afirmou Merkel na festa da vitória na sede do partido, em Berlim. "Mas temos a tarefa de formar um governo e contra nós nenhum governo pode ser formado."

    A novidade do pleito foi a ascensão da sigla de direita populista AfD (Alternativa para a Alemanha), que teve 13,2% dos votos e entrará no Parlamento -a primeira vez em que a extrema-direita chega à Casa desde o fim da Segunda Guerra em 1945.

    O oposicionista FDP (Partido Democrático Liberal) foi outro vencedor do pleito. Após não entrar no Parlamento na eleição passada por não ultrapassar a cláusula de barreira de 5% dos votos, a legenda obteve dessa vez 10,1%.

    A Esquerda, por sua vez, levou 8,9%, e os Verdes, 9,3%.

    Como líder do partido com mais votos, Merkel deverá formar o próximo governo e manter o cargo de chanceler em um quarto mandato consecutivo. Com isso, pode completar 16 anos no poder e se igualar, assim, ao ex-chanceler Helmut Kohl.

    Merkel se manterá, portanto, no cargo de uma das mulheres mais poderosas do mundo -a Alemanha é a maior economia da União Europeia, com PIB estimado em US$ 3,4 trilhões neste ano.

    Ela acumulará ainda a fama informal de líder do mundo livre, em um cenário internacional marcado pela ausência de referentes morais desde o fim do governo de Barack Obama nos EUA.

    GOVERNO

    Após o anúncio dos primeiros resultados, Schulz anunciou que lideraria o SPD na oposição –ou seja, o partido deixa a coalizão com a CDU no novo governo.

    Merkel terá de escolher, agora, quem serão seus novos parceiros.

    A única alternativa viável parece ser uma aliança entre CDU, FDP e os Verdes. O trio somaria cerca de 52,6% dos votos, segundo a projeção do ZDF.

    "Não somos automaticamente parceiro de coalizão apenas porque o SPD saiu de cena", disse, porém, o vice-líder Wolfgang Kubicki, do FDP.

    A AfD comemorou os resultados, criticando a "arrogância" do SPD, que horas antes havia dito que o partido "de racistas não pertencia ao Parlamento".

    "A arrogância do SPD será vingada amargamente. Vivam com isso, companheiros: a partir de hoje, a onda esquerdista acabou", escreveu em rede social Frauke Petry, uma das expoentes do partido.

    A meta do partido, segundo ela, será trabalhar para uma "mudança de governo" em 2021.

    O crescimento do populismo na União Europeia é o grande tema político destes dois últimos anos, como mostrou em junho de 2016 o voto britânico para deixar o bloco econômico, processo conhecido como "brexit".

    Na França, o desafio veio da sigla de direita nacionalista Frente Nacional, de Marine Le Pen, que teve 34% dos votos no segundo turno em 7 de maio, sendo derrotada pelo centrista Emmanuel Macron, hoje o presidente.

    Macron e Merkel têm fortalecido o eixo entre Paris e Berlim para possivelmente reformar a União Europeia e lidar com a insatisfação que resulta no voto populista.

    Por essa razão, "a questão central destas eleições é o futuro da Europa", diz à Folha Markus Kaim, analista do SWP (Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança). Merkel representa, para parte do eleitorado, um voto por mais integração regional e mais estabilidade.

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