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    Vice do Equador pediu US$ 1 milhão à Odebrecht para campanha, diz delator

    DE SÃO PAULO

    27/09/2017 21h24

    O ex-executivo da Odebrecht José Conceição dos Santos disse nesta quarta (27) que o vice-presidente do Equador, Jorge Glas, pediu US$ 1 milhão à empresa para a campanha governista nas eleições regionais de 2014.

    Santos, porém, não declarou se o montante foi pago ao Aliança País, mesmo partido do ex-presidente Rafael Correa e do atual mandatário, Lenín Moreno. Na votação, a sigla obteve o comando da maioria das cidades do país.

    Santiago Armas/Xinhua
    O vice-presidente do Equador, Jorge Glas, é entrevistado ao deixar a Corte Nacional de Justiça na terça
    O vice-presidente do Equador, Jorge Glas, é entrevistado ao deixar a Corte Nacional de Justiça na terça

    Em depoimento à Suprema Corte, o executivo disse que o pedido foi feito por Ricardo Rivera, tio de Glas e acusado pela Procuradoria equatoriana de ser o intermediário do pagamento de propina ao vice-presidente.

    O representante da construtora qualificou Glas e o tio como "irmãos siameses que se alimentam do mesmo corpo" e declarou ter se reunido entre 2011 e 2015 ao menos duas vezes por ano com o vice em seu gabinete.

    Santos disse que foi procurado por Rivera pela primeira vez em 2011. O tio teria se apresentado como intermediário de Glas e pediu propina para a Odebrecht voltar ao país —a empreiteira havia sido expulsa por Correa em 2008.

    De acordo com o executivo, a construtora pagou US$ 32,1 milhões a funcionários públicos para retornar ao Equador e receber licitações de cinco obras. Dois terços do montante teriam sido pagos a membros do Executivo.

    O resto, afirmou, foi para o então controlador-geral Carlos Pólit para dar aval às obras da empreiteira —Pólit fugiu para os EUA em junho após sua casa ser alvo de um mandado de busca e apreensão no mesmo dia em que Rivera ser preso e sua casa ser alvo de um mandado de busca e apreensão.

    As declarações, feitas por videoconferência no consulado equatoriano em São Paulo, foram feitas um dia depois de Glas depor. O vice disse ter relação distante com o tio e admitiu ter se reunido duas vezes com o executivo.

    Há quase dois meses Glas foi afastado de suas funções por Lenín Moreno. Aliado de Rafael Correa, ele afirma que as acusações têm motivação política e acusa o presidente de ceder à pressão dos opositores.

    A retirada das atribuições de Glas foi um dos motivos para a piora da relação do atual presidente com seu padrinho político. Correa passou a chamar Moreno de traidor e a acusá-lo de querer tirar seus direitos políticos.

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