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    Separatismo catalão visa esconder corrupção, diz embaixador espanhol

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

    30/09/2017 03h39

    Pau Barrena - 25.set.2017/AFP
    Bandeira catalã é colocada sobre espanhola com uma pomba branca da paz em varanda de Barcelona
    Bandeira catalã é colocada sobre espanhola com uma pomba branca da paz em varanda de Barcelona

    Fernando Villalonga, embaixador espanhol no Brasil, diz que o plebiscito sobre a independência da Catalunha é "produto de uma certa classe política que quer esconder seus escândalos de corrupção" e que "vem de um nacionalismo romântico do século 19".

    "Há um ódio profundo, uma xenofobia sem solidariedade", afirma. "Essa é a origem de todos os movimentos antidemocráticos."

    "Falo catalão, e não tenho dúvida de que sou espanhol. Não consigo ver a Espanha sem a Catalunha, ou a Catalunha sem a Espanha", diz.

    *

    Folha - O que o senhor pensa sobre o plebiscito catalão deste domingo?

    Fernando Villalonga - Não gosto dessa dinâmica de provocações, de subterfúgios para ir às ruas. Não vejo nada de positivo. Não vai levar a nada, só à instabilidade.

    Como o senhor avalia as ações do governo catalão?

    As declarações desafiam a ordem pública, convocando as mobilizações às ruas.

    O voto tem valor legal?

    O que acontece ali é ilegal e remete a tempos sombrios. Estão desafiando os juízes e o governo central. Não é uma questão de querer ou não a independência, mas de legalidade e de respeito ao Estado de Direito. Me parece um anacronismo, um exercício antidemocrático.

    O que pode ser feito por parte do governo central?

    A lei precisa ser aplicada. Acho que o governo atuou da melhor maneira possível, recorrendo ao Judiciário. Foi extremamente respeitoso.

    O senhor é valenciano, vindo de uma região vizinha à Catalunha, onde se fala um dialeto do catalão. Como essa situação o afeta?

    Eu falo catalão, e não tenho dúvida de que sou espanhol. Não consigo ver a Espanha sem a Catalunha, ou a Catalunha sem a Espanha.

    Como a situação chegou a este ponto na Catalunha?

    É o produto do desejo de uma certa classe política. Querem esconder seus escândalos de corrupção e ter mais poder. O separatismo vem de um nacionalismo romântico do século 19. Uma Catalunha independente é mais fraca e leva também a uma Espanha mais fraca. Há um ódio profundo, uma xenofobia sem solidariedade, e essa é a origem de todos os movimentos antidemocráticos.

    Editoria de Arte/Folhapress
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