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    Rússia faz exercício militar com simulação de ataque da Otan

    IGOR GIELOW
    DE SÃO PAULO

    30/09/2017 03h03

    Sergei Gapon - 20.set.2017/AFP
    Aviões do exercício militar de Rússia e Belarus
    Aviões do exercício militar de Rússia e Belarus

    Se não ocupou Belarus nem usou forças para lançar campanhas contra Estados Bálticos, a Rússia deu uma grande demonstração de capacidade militar com seu exercício Zapad-2017.

    Durante meses, oficiais de países da Otan (aliança militar liderada pelos EUA) alertaram para o risco de Moscou realizar o que seria o maior exercício militar pós-Guerra Fria, com até 100 mil homens. O Kremlin provou que o risco não existia, embora o número exato de envolvidos nunca seja sabido —oficialmente, foram 12,7 mil pessoas.

    Isso não quer dizer que foi um evento qualquer. Feito a cada quatro anos, o Zapad (Ocidente, em russo) priorizou capacidades de comando e controle, a rapidez com que várias tropas são coordenadas numa guerra. "Com tantas forças da Otan se concentrando no Leste Europeu, o exercício é uma necessidade", disse Mikhail Barabanov, do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, de Moscou.

    Apesar da Rússia insistir na natureza defensiva do exercício com Belarus, um truque mostrou ao Ocidente que estava sim sendo treinada uma guerra com a Otan.

    Um país virtual, Veishnoria foi desenhado na fronteira de Belarus com Polônia, Lituânia e Letônia e infiltrou homens em missões de sabotagem e ciberataques. Ao mesmo tempo, Veishnoria realizou um ataque a Belarus. Ou seja, houve a possibilidade de treinar uma ofensiva.

    A invasão foi repelida nos três primeiros dias do exercício iniciado no dia 14, para então as forças russas e bielo-russas passarem para o ataque, vencendo no dia 20.

    Foi testada também a eficácia da "bolha" de defesa aérea com os modernos sistemas S-300, S-400 e Iskander, um pesadelo tático para a Otan porque eles ficam no encrave de Kaliningrado, "fechando" o espaço aéreo entre o Báltico e a Polônia.

    "A Rússia demonstrou que suas fronteiras não são só difíceis de romper de forma convencional, mas também em várias frentes estratégicas, do espaço ao mar", analisou boletim do centro Chatham House, de Londres.

    "Foi um exercício normal, como o que nós estávamos fazendo", disse à TV alemã o tenente-coronel sueco Thomas Möller —Estocolmo mobilizou cerca de 12 mil homens num treino com a Otan.

    Ainda assim, não passou despercebido que a Rússia praticou outros exercícios de forma paralela, o que demonstrou que Moscou pode fazer a coordenação em várias áreas ao mesmo tempo. Não é casual que a Suécia, após 200 anos de neutralidade, esteja discutindo aderir à Otan.

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