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    Pragmática, ex-líder de sigla nacionalista alemã lembra Merkel

    GUILHERME MAGALHÃES
    DE SÃO PAULO

    01/10/2017 02h00

    Tobias Schwarz - 19.set.2016/AFP
    Frauke Petry, ex-lider do partico nacionalista AfD
    Frauke Petry, ex-lider do partico nacionalista AfD

    Em julho de 2015, quando a AfD (Alternativa para a Alemanha) viveu uma disputa interna de poder parecida com a que se vê hoje no partido ultranacionalista, Frauke Petry saiu vitoriosa e causou a saída de um dos fundadores da sigla, o economista Bernd Lucke.

    Foi quando Petry começou a mudar a cara da legenda, até então uma agremiação de centro-direita liberal preocupada com os socorros financeiros de Berlim aos países endividados da zona do euro.

    Para a nova líder, o fluxo crescente de imigrantes em direção à Alemanha —quase 1 milhão somente em 2015— deveria ganhar a atenção da AfD, que passou a atacar a política de portas abertas da chanceler Angela Merkel e começou a obter bons resultados em eleições estaduais.

    Petry, porém, já foi ela própria uma imigrante. Nos anos 1990, estudou química na Universidade de Reading, na Inglaterra, seguindo os passos da mãe. Juntas, as duas criaram um poliuretano que não agride o ambiente.

    A experiência fez parte do breve período em que Petry comandou uma empresa própria. Fundado em 2007, o negócio do setor químico teve dificuldades para se manter; entrou em insolvência em 2013, pouco antes de ela entrar na política.

    A química nasceu Frauke Marquardt, em Dresden, em 1975. O fato de ter sido criada na antiga Alemanha Oriental e a formação científica são pontos em comum com a biografia da chanceler Angela Merkel —física de Hamburgo, mas criada no Estado rural de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, no nordeste.

    Na semana passada, ao anunciar sua saída da AfD, Petry demonstrou um pragmatismo que, novamente, a aproxima de Merkel, conhecida por sua habilidade de lidar objetivamente com crises.

    Ao falar do desejo de "perseguir uma realpolitik conservadora" e que as posições do partido "afastaram o voto burguês", Petry fez questão de se distanciar da ala liderada por Alexander Gauland e Alice Weidel —o primeiro disse após a eleição que a sigla irá "caçar o governo Merkel".

    A crítica às declarações polêmicas de correligionários, no entanto, poderia ser feita à Petry de 2016.

    Em janeiro daquele ano, questionada sobre a crise de refugiados, afirmou que a polícia "deveria poder, se necessário, atirar" em quem tentasse entrar ilegalmente no país.

    Se Gauland hoje causa controvérsia ao afirmar que o país deveria se orgulhar dos militares alemães na Segunda Guerra (1939-1945), Petry fez parecido há um ano, ao sugerir que o termo "völkisch" fosse reabilitado. A palavra era usada pelos nazistas como sinônimo de "nacional", em oposição às raças, que, segundo a ideologia do partido, não eram alemãs.

    Aos 42 anos e mãe de cinco —quatro do primeiro casamento, com um ministro luterano, e um com o atual marido, o ex-líder da AfD Marcus Pretzell—, Petry aparecia em um dos cartazes de campanha segurando o filho mais novo, um bebê. Acima, a frase: qual é a sua razão para lutar pela Alemanha?

    Ela não esconde os planos de criar um partido. Em julho, registrou o domínio DieBlauen.de (os azuis) na internet. As sessões do Parlamento alemão prometem ficar mais acaloradas a partir de outubro.

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