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    Atirador de Las Vegas usou câmeras e aparelho para arma disparar mais

    FERNANDA EZABELLA
    ENVIADA ESPECIAL A LAS VEGAS

    03/10/2017 18h24 - Atualizado às 00h22

    A polícia de Las Vegas anunciou nesta terça-feira (3) que Stephen Paddock, autor do massacre que deixou 58 mortos e mais de 500 feridos no domingo (1º), instalou câmeras para acompanhar a movimentação dentro e fora de seu quarto no hotel Mandalay Bay, de onde atirou numa multidão que assistia a um show de música country.

    Outros indícios mostraram que a preparação do ataque foi sofisticada. Segundo o xerife local, Joe Lombardo, 12 das armas usadas tinham o mecanismo "bump stock", que permite disparar tiros de forma mais rápida, emulando um artefato automático.

    Com o equipamento, Paddock alvejou por ao menos nove minutos, quase ininterruptamente, uma área em que havia mais de 20 mil pessoas. No quarto de hotel e em suas duas casas em Mesquite e Reno, em Nevada, foram encontradas 47 armas.

    Lombardo informou ainda que Marilou Danley, namorada do atirador, está nas Filipinas, país natal dela, mas mantém contato com as autoridades americanas.

    A polícia investiga uma remessa de US$ 100 mil (R$ 315 mil) feita pelo atirador às Filipinas em 25 de setembro, três dias antes de se hospedar em Las Vegas.

    Na terça, a cidade voltava ao normal, apesar de um policiamento maior ao longo da avenida principal e após uma noite com cancelamento de alguns shows.

    O quarteirão do Mandalay Bay permanecia fechado para carros e pedestres, enquanto uma equipe limpava o asfalto com jatos de água. "Estão tirando as marcas de sangue", disse um policial.

    Dezenas de equipes de TV do mundo todo, além de curiosos, permaneciam no local, onde foram improvisados memoriais com velas, flores, balões e bilhetes.

    Os suíços Alden e Tiziana Murati, em Las Vegas pela primeira vez, disseram que o massacre assustou, mas não alterou seus planos nem a admiração pela cidade. "Foi uma sensação estranha, mas a vida continua. A única diferença que notamos foi a presença de mais policiais nas ruas", afirmou Tiziana, 30.

    Na segunda (2), hotéis e teatros haviam cancelado apresentações do Cirque du Soleil e do Blue Man Group. A programação foi retomada na terça, com destaque para Céline Dion, enquanto Jennifer Lopez se apresenta na quarta.

    "O movimento caiu uns 30%. Nossas filas hoje [segunda] foram só para reembolsos", disse uma funcionária de uma bilheteria para shows. "O medo é que venham menos turistas, mas duvido que isso aconteça."

    Duas casas de tiro, estabelecimentos bastante populares na região, também fecharam suas portas. A Machine Guns Vegas, que só reabriria nesta quarta, divulgou nota condenando o atentado e pedindo mais controle de armas.

    "Muitos fatores contribuíram para este evento trágico, mas não há dúvida de que a possibilidade de o atirador atingir tanta gente foi fortemente determinada pelos tipos de armas a que ele teve acesso", dizia o comunicado.

    "Concordamos que a NRA [Associação Nacional do Rifle, principal lobby pró-armas dos EUA], o governo federal e os Estados têm a responsabilidade de continuar a maximizar esforços no sentido de manter tais armas fora do alcance das pessoas erradas."

    CAMPEÃ DO TURISMO

    Com população de 632 mil habitantes, Las Vegas está entre as cidades mais visitadas dos EUA. Recebeu mais de 42 milhões de turistas em 2016, 19% deles estrangeiros. A título de comparação, Orlando (Flórida), a mais visitada do país, acolheu 60 milhões de pessoas no ano passado.

    Na noite de segunda, 24 horas após o massacre, muitos turistas caminhavam pela avenida principal, a Strip, que tem o imponente Mandalay Bay em uma de suas extremidades. Alguns circulavam com sacolas, tiravam selfies ou carregavam os populares drinques de copos enormes.

    Tudo parecia de volta ao normal, a não ser por muitos dos letreiros com pedidos de doações de sangue, o telefone de emergência para familiares das vítimas e agradecimentos aos bombeiros e policiais que chegaram primeiro à cena do crime.

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