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    Parlamento catalão estuda se reunir na terça para declarar independência

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    06/10/2017 10h41 - Atualizado às 15h37

    Adiando ainda mais a polêmica declaração de independência, o presidente catalão, Carles Puigdemont, se propôs a comparecer ao Parlamento regional na próxima terça-feira (10). Era até então esperado que ele o fizesse um dia antes, na segunda-feira (9).

    A reunião foi confirmada pelos legisladores e está agendada para as 18h locais (13h em Brasília). Puigdemont pode aproveitar a oportunidade para declarar a separação total da Catalunha, hoje um território espanhol com alguma autonomia, incluindo uma polícia.

    O pedido de adiar a sessão está relacionado a uma decisão do Tribunal Constitucional, que na véspera havia suspendido de maneira cautelar o plenário de segunda.

    Essa mesma corte havia também vetado o próprio plebiscito separatista do dia 1º, o que não foi cumprido pelas autoridades catalãs. A consulta contou com 2,2 milhões de votos, o equivalente a 42% do eleitorado local, e teve aprovação de 90%. O resultado definitivo do voto foi divulgado nesta sexta (06).

    A declaração unilateral de independência, se ocorrer na semana que vem, levará a crise espanhola a seu ápice. O governo central em Madri não vai reconhecer a separação catalã. Tampouco o fará a União Europeia, bloco do qual uma Catalunha independente ficaria de fora.

    O presidente regional Puigdemont pode ser detido pelo Estado espanhol e responder a uma série de acusações, incluindo uso irregular de fundos públicos, como aqueles empregados em seu plebiscito.

    O projeto separatista, no entanto, tem sofrido uma série de golpes nestes dias.

    Bancos e empresas, por exemplo, anunciaram que vão deixar a Catalunha. Nesta sexta-feira (6), o CaixaBank, terceiro maior banco da Espanha, decidiu mudar sua sede da Catalunha para Valencia.

    Antes dele, o banco Sabadell já tinha anunciado que se mudaria para Alicante.

    Na sexta-feira, a gigante companhia de energia Gas Natural Fenosa anunciou sua transferência a Madri.

    Outro revés foi a declaração do ex-presidente catalão Artur Mas ao jornal "Financial Times" de que a Catalunha não está preparada para a "independência real".

    "Para ser independente há algumas coisas que ainda não temos", afirmou, no que foi recebido como um choque.

    DESCULPAS

    A consulta popular de 1º de outubro foi marcada pelo desafio separatista e pela resposta repressiva da polícia espanhola. Quase 900 pessoas foram feridas, segundo o governo catalão, um número já contestado pelas autoridades em Madri.

    O delegado do governo central na Catalunha, Enric Millo, lamentou os incidentes e se desculpou nesta sexta-feira (6) pelas consequências da atividade policial no plebiscito. Mas ele responsabilizou, por outro lado, a administração catalã por ter insistindo em uma consulta popular considerada ilegal.

    "Isso teria sido evitado se o presidente catalão tivesse pedido que as pessoas não ocupassem os colégios", Millo disse em entrevista à TV3. A polícia enfrentou barreiras em 13 dos 2.315 pontos de votação, ele afirmou.

    A Polícia Nacional, que atua em todo o território espanhol, e a Guarda Civil, com atribuições militares, foram enviadas por Madri à Catalunha para impedir o plebiscito de 1º de outubro.

    Elas substituíram a polícia regional catalã, os Mossos d'Esquadra. O governo espanhol considera que essa força deixou de cumprir suas ordens e agiu com interesse político, permitindo o voto.

    O chefe dos Mossos, Josep Lluís Trapero, compareceu na sexta-feira à Audiência Nacional para uma primeira declaração sobre a acusação de sublevação. Ele nega.

    Em paralelo, grupos contrários à separação da Catalunha estão organizando demonstrações em massa para o próximo domingo (8) em Barcelona. A marcha foi convocada pela Sociedade Civil Catalã, organização favorável à permanência na Espanha.

    Entre os convidados confirmados está o escritor peruano Mario Vargas Llosa ("Pantaleão e as Visitadoras"), Nobel de Literatura.

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