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    'Não existem mãos limpas' para armas nucleares, diz brasileiro da Ican

    PAULA LEITE
    DE SÃO PAULO

    06/10/2017 14h31 - Atualizado às 16h40

    Arquivo pessoal
    Cristian Wittmann na sede das Nações Unidas em Nova York
    Cristian Wittmann na sede das Nações Unidas em Nova York

    Cristian Wittmann, 34, único brasileiro a participar do comitê gestor da Ican (Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares), afirma que o prêmio Nobel da Paz para a organização e o tratado internacional que proíbe armamentos nucleares tiveram sucesso em mobilizar a opinião pública e mudar o paradigma de que há nações que podem esse tipo de arsenal e outras que não.

    "Desde a Guerra Fria fomos educados a aceitar que há alguns países bons o suficiente para ter armas nucleares e outros não", diz ele, que é professor da Universidade Federal do Pampa, no Rio Grande do Sul, e atua desde 2004 na área de desarmamento humanitário. "Mas não existem 'mãos limpas' para ter essas armas."

    Wittmann diz que a mudança desse paradigma para que fosse reconhecido o impacto humanitário das bombas nucleares foi a maior dificuldade da campanha.

    "As armas nucleares foram as últimas armas de destruição em massa a se tornarem ilegais", afirma ele, para quem a mobilização da sociedade civil e a aprovação do tratado internacional tiveram sucesso em reativar o debate em torno das armas nucleares. "Os países [que têm essas armas] não podem mais nos ignorar", diz ele, que alerta que o processo de eliminação das armas nucleares será longo.

    O especialista diz que o regime de não-proliferação, que vigorou até a assinatura do recente tratado internacional, acabava por fomentar que mais países desejassem ter armamentos nucleares. "O fato de alguns países não abrirem mão das bombas nucleares acabou levando mais nações a terem esse tipo de arma", afirma Wittmann.

    LIGAÇÃO

    O brasileiro conta que foi acordado pela ligação de um colega contando sobre o Nobel da Paz. Como seus colegas estão espalhados em vários países do mundo, ele diz que a celebração foi em grupos de mensagens e pelas redes sociais. "É um dia inesquecível", diz ele.

    Wittmann representa a Rede Latinoamericana de Segurança Humana no comitê gestor da Ican, composto por representantes de dez entidades. Ele faz parte do comitê gestor da Ican desde 2014.

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