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    Alergia a pólen foi tema de campanha eleitoral no Japão

    ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
    DE SÃO PAULO

    23/10/2017 09h44

    Yoshikazu Tsuno/AFP
    ORG XMIT: TOK928 Minami Sawada, an employee of Japanese weather forecasting company Weathernews displays some of the 1,000 pod-shaped pollen counting robots called "Pollen-robot", which are ready to be shiped as nationwide monitors to observe pollen levels ahead of the coming hay fever season, at the company's headquarters in Chiba, suburban Tokyo on January 25, 2012. The Pollen-robot, which has two LED eyes and glows a range of five different colors to indicate pollen levels, will be placed outside houses and can send reports recording pollen, temperatures, humidity and air pressure to the company through the Internet. AFP PHOTO / Yoshikazu TSUNO
    Funcionária da Weathernews, empresa de previsão do tempo japonesa, mostra robôs que detectam os níveis de pólen e ajudam nos boletins de previsão da concentração do alérgeno no ar

    Durante a campanha para conquistar cadeiras do Legislativo para seu novo Partido da Esperança, a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, incluiu entre suas propostas acabar com a febre do feno (rinite e conjuntivite alérgicas causadas por pólen). No pleito do domingo (22), a sigla conquistou 50 cadeiras.

    A doença ganhou status de plataforma eleitoral porque atinge um sexto dos japoneses todos os anos, segundo a Universidade de Osaka, e tem raízes econômicas.

    No período de reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, o país multiplicou a plantação das árvores nativas sugi (Cryptomeria japonica, árvore símbolo do país) e cipreste hinoki (Chamaecyparis obtusa), duas das principais entre as 40 espécies capazes de provocar alergia no Japão.

    Com o aparecimento de materiais mais baratos, porém, a demanda pela madeira dos pinheiros caiu e as árvores deixaram de ser abatidas.

    ÁRVORES MADURAS

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    Ainda que a área de florestas não tenha crescido, a produção de pólen aumenta muito com a maturidade das árvores, o que agravou a dispersão do alérgeno, dando à febre do feno proporções de política pública.

    Nos anos 1970, só 25% dos sugi tinham mais de 20 anos, mas essa porcentagem passou para 85% no ano 2000. Dentre as duas espécies de pinheiros, mais de 60% superam os 30 anos, quando a produção de pólen atinge o pico.

    Universidades e hospitais divulgam listas de recomendações para evitar os sintomas e tratar a alergia instalada, e meios de comunicação divulgam boletins de concentração de pólen por região, semelhantes à previsão do tempo.

    Dependendo da região do país, a estação da alergia começa em janeiro ou fevereiro, tem seu pico em março ou abril e decresce pelos próximos dois meses.

    A febre do feno movimenta vários mercados, como o de remédios, óculos protetores, máscaras, filtros de ar-condicionado e telas para janelas, além de tratamentos médicos para dessensibilizar nariz e olhos.

    DIFÍCIL DE ACABAR

    Acabar com o problema, porém, como prometeu Koike, não parece fácil.

    Órgãos públicos e de pesquisa têm conseguido desenvolver espécies que produzem menos pólen, mas a tecnologia não resolve o problema das árvores já maduras.

    Na década passada, o governo de Tóquio incentivou a construção de edifícios de madeira, como forma de tentar acelerar o corte dos pinheiros emissores de pólen.

    O plano, proposto em 2006, era cortar em dez anos mais de 1,8 milhão de pinheiros. Estimativas são de que menos de 2% das florestas, porém, tenham sido recicladas com as espécies mais inofensivas.

    O governo federal também criou um Plano de Combate à Febre do Feno, com orçamento anual que supera o equivalente a R$ 5 bilhões.

    TURISTAS

    Como o sugi e o hinoki são árvores nativas do Japão, turistas em geral não foram expostos ao pólen dessas espécies. Como a sensibilização leva alguns meses para ocorrer, em geral a alergia só se manifesta em uma segunda estação.

    Além de congestão nasal e coceira no nariz, vermelhidão e ardor nos olhos, a alergia pode provocar inflamação na garganta, dor de cabeça, distúrbios do sono e dificuldade de concentração.

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