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    Ex-refém denuncia assassinato da filha e estupro da mulher por talebans

    DA AFP

    14/10/2017 14h09

    Reuters/Reuters
    FILE PHOTO: A still image from a video posted by the Taliban on social media on December 19, 2016 shows American Caitlan Coleman (L) speaking next to her Canadian husband Joshua Boyle and their two sons. Courtesy Taliban/Social media via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS IMAGE HAS BEEN SUPPLIED BY A THIRD PARTY. ORG XMIT: TOR353R
    Caitlan, Joshua e os filhos em vídeo postado pelo Talibã em 2016

    O canadense Joshua Boyle, refém libertado ao lado da família no Paquistão, afirmou ao retornar a seu país na sexta-feira (13) à noite que os sequestradores da rede Haqqani, ligada ao Taleban, mataram sua filha bebê e estupraram sua mulher.

    Ele criticou "a estupidez e o mal da Haqqani ao sequestrar um peregrino e sua mulher grávida, que viajavam para ajudar os moradores nas regiões controladas pelos talebans no Afeganistão".

    O canadense insistiu na "estupidez e o mal ao autorizar o assassinato de minha filha bebê em retaliação a minha recusa reiterada em aceitar uma oferta que os criminosos da rede Haqqani fizeram".

    Ao ler um texto diante das câmeras, Joshua Boyle, à beira das lágrimas, disse que a sua negativa teve como consequência "o estupro de minha mulher, não como uma ação isolada, e sim por um guarda apoiado pelo capitão e supervisionado pelo comandante Haqqani, Abu Hajar".

    Mark Blinch - 13.out.2017/Reuters
    Joshua Boyle fala no aeroporto ao chegar a Toronto na noite de sexta (13)
    Joshua Boyle fala no aeroporto ao chegar a Toronto na noite de sexta (13)

    Boyle afirmou que o assassinato de sua filha e o estupro da mulher, a americana Caitlan Coleman, em 2014 foram confirmados por uma investigação afegã em 2016.

    "Não tenho certamente nenhuma intenção de permitir a um grupo brutal de criminosos que determine o futuro de minha família", completou, sem revelar detalhes sobre as exigências dos sequestradores que ele recusou.

    Libertados na quarta-feira no Paquistão, Boyle, a mulher e três filhos nascidos em cativeiro no Afeganistão desembarcaram na sexta-feira (13) à noite ao aeroporto de Toronto.

    Boyle afirmou que é importante para sua família agora poder "construir um santuário seguro que os três filhos sobreviventes possam chamar de lar".

    Também disse que pretende oferecer, além de educação, um entorno que permita às crianças "recuperar uma parte da infância que perderam".

    AJUDAR UMA MINORIA

    Boyle afirmou que viajou ao Afeganistão para ajudar a "minoria mais esquecida do mundo".

    "Estes moradores comuns que vivem em zonas remotas de territórios controlados pelos talebans no Afeganistão, onde nenhuma ONG, nenhum voluntário ou nenhum governo jamais conseguiu levar a ajuda necessária", disse.

    O governo canadense celebrou o "retorno tão esperado" da família Boyle.

    "O Canadá teve um papel ativo em todos os níveis no caso do sr. Boyle e continuará apoiando ele e seus parentes, agora que retornou ao país", afirmou o ministério das Relações Exteriores.

    Joshua Boyle e Caitlan Coleman, casados desde 2011, foram sequestrados pelos talebans pouco depois que entraram no Afeganistão em 2012. Depois foram entregues à rede aliada Haqqani no Paquistão.

    Os reféns foram libertados durante uma operação das Forças Armadas paquistanesas, depois que receberam informações do serviço de inteligência americano.

    Ao contrário das informações divulgadas na quinta-feira (12) por fontes militares americanas, Boyle afirmou que não se recusou a ser transportado para os Estados Unidos, mas que expressou a vontade de reunir-se com sua família no Canadá.

    Os pais de Joshua Boyle vivem 80 km ao sudoeste da capital federal, Ottawa.

    Boyle trabalhou ativamente na defesa de Omar Khadr, um canadense capturado em 2002 no Afeganistão com 15 anos e que passou muito tempo detido em Guantánamo, antes de retornar ao Canadá e retomar a liberdade.

    Em 2009, Boyle se casou com a irmã de Omar, Zaynab Khadr.

    Na quinta-feira, a ministra canadense das Relações Exteriores, Chrystia Freeland, afirmou que Boyle não era objeto de nenhuma investigação no país. E informou que nenhum resgate foi pago pela libertação dos cinco integrantes da família.

    Os ex-reféns embarcaram em um voo comercial na manhã de sexta-feira em Islamabad com destino a Londres, de onde prosseguiram a viagem para Toronto.

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