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    Políticos britânicos se mobilizam para vetar 'brexit' sem acordo com a UE

    DANIEL BUARQUE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES

    16/10/2017 02h11

    Joe Giddens-4.out.2017/Associated Press
    Theresa May tem seu discurso na conferência do Partido Conservador interrompido por um comediante

    Uma coalizão de parlamentares britânicos começou a se organizar neste fim de semana para barrar qualquer tentativa da primeira-ministra Theresa May de levar adiante o "brexit", a saída do país da União Europeia, sem um acordo formal em 2019.

    A mobilização reúne políticos de ambos os grandes partidos, o conservador (Tory) e o trabalhista (Labour), e foi articulada depois que o impasse nas negociações com o bloco europeu deu margem à previsão de um rompimento mesmo sem que se chegue a um acordo.

    O que está sendo chamado de "no deal" na política britânica poderia gerar problemas para o Reino Unido.

    Um dos objetivos do grupo de políticos é permitir que o Parlamento tenha o poder de vetar um "brexit" que pareça prejudicial aos britânicos. A investida para barrar isso se tornou prioridade entre os políticos do país depois que a primeira-ministra revelou que o governo está se preparando para um divórcio sem negociação.

    May disse que o governo está gastando 250 milhões de libras (R$ 1,05 bilhão) somente para se preparar para o rompimento com impasse.

    Para evitar esse tipo de problema, e gasto público, parlamentares querem aprovar uma emenda para definir que qualquer acordo final com a UE seja aprovado pelo Parlamento em uma nova votação independente do "brexit". Isso daria força aos políticos britânicos que defendem um rompimento "suave" com o bloco europeu.

    Em uma entrevista à rede BBC, o líder trabalhista John McDonnell defendeu o direito de o Parlamento, com mobilização dos partidos, barrar o "brexit" sem um acordo bom para o país.

    Segundo ele, ainda não há uma maioria de parlamentares a favor da medida para dar o poder de decisão ao Parlamento, mas é importante que todos os partidos se unam contra um processo que pareça prejudicial.

    Atualmente, o Parlamento não tem o poder de barrar nenhuma decisão do governo sobre o "brexit". O governo prometeu permitir que os parlamentares votem sobre o acordo final com a UE, mas não disse nada sobre uma decisão a respeito de um rompimento sem acordo.

    POPULAÇÃO

    Além dos problemas das negociações de alto nível, o "brexit" tem enfrentado uma oposição crescente na população britânica.

    Uma pesquisa divulgada no sábado (14) mostrou que o número de pessoas que se arrependem do resultado do plebiscito realizado no ano passado chegou à maior proporção na série histórica. Para 47% dos entrevistados, a escolha pela saída da UE foi um erro para o Reino Unido, enquanto apenas 42% acham que foi uma decisão acertada.

    O levantamento, divulgado pelo jornal "The Independent", foi usado por parlamentares trabalhistas contrários ao rompimento com o bloco europeu. Segundo a pesquisa, dois terços dos britânicos acham que as negociações com a Europa estão indo mal.

    Em meio ao impasse entre Reino Unido e UE, o governo alemão disse, na sexta-feira (13), que cabe ao Reino Unido levar adiante as negociações sobre o "brexit" e alertou que "o tempo está acabando" para o governo em Londres alcançar o acordo que quer.

    Na véspera, o negociador do bloco europeu, Michel Barnier, disse que as conversas haviam travado.

    A chanceler alemã, Angela Merkel, diz que Londres não deveria esperar um acordo especial e que é mais importante manter os 27 países-membros restantes unidos.

    No domingo (15), May conversou com Merkel, e as duas concordaram com a necessidade de continuar as discussões "construtivas" sobre o "brexit". Nesta segunda (16), a primeira-ministra vai se reunir com Barnier e com o chefe da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, em Bruxelas. As discussões sobre a negociação entre UE e o governo britânico podem ser retomadas a partir desta semana.

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