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    Congresso do Partido Comunista deve firmar liderança de Xi Jinping na China

    DE SÃO PAULO

    18/10/2017 02h40

    O 19º Congresso do Partido Comunista da China (PCC), que começa nesta quarta (18), em Pequim, deve ver a consolidação do poder do presidente do país, Xi Jinping, na chefia da segunda maior potência econômica do planeta.

    Pequim recebe quase 2.300 delegados para o encontro, que acontece a cada cinco anos no Grande Salão do Povo, na praça Tiananmen (da Paz Celestial). O PCC é o maior partido do mundo, com 89 milhões de membros.

    Lan Hongguang/Xinhua
    O presidente da China, Xi Jinping, preside uma das sessões prévias do Congresso do Partido Comunista
    O presidente da China, Xi Jinping, preside uma das sessões prévias do Congresso do Partido Comunista

    O principal objetivo do congresso é promover uma dança das cadeiras na burocracia da ditadura chinesa —cerca de 70% do Comitê Central, com 350 membros; do Politburo, com 25; e do Comitê Permanente do Politburo, com sete, serão renovados. Como tais mudanças irão repercutir no futuro da economia e da política chinesas é a grande questão.

    Em entrevista na terça-feira (17), o porta-voz do partido, Tuo Zhen, afirmou que os próximos cinco anos devem ver uma expansão do acesso ao mercado chinês, além de uma nova estratégia de desenvolvimento.

    Não há dúvida de que Xi Jinping, 64, que chegou ao poder em 2012, vá obter um novo mandato para liderar o partido, mas o mundo estará atento às nomeações para o gabinete político.

    "O congresso do partido nos revelará a exata magnitude do poder de Xi", afirma a sinóloga Carly Ramsey, da consultoria britânica Control Risks, em Xangai.

    Líder do partido, chefe de Estado, comandante em chefe do Exército, objeto de culto à personalidade, onipresente na imprensa, Xi acumula hoje mais poder que seus dois antecessores, Jiang Zemin e Hu Jintao.

    O status gera comparações com Mao Tsé-tung, fundador do regime em 1949, e Deng Xiaoping, cujas reformas iniciadas no fim dos anos 1970 transformaram a China em grande potência.

    "Para resumir, pode-se dizer que houve três épocas: a primeira, quando Mao estava no poder, a segunda, de Deng Xiaoping. O 19º congresso é, de certa maneira, o advento da era Xi Jinping", diz o cientista político Chen Daoyin.

    O homem forte da China usou os seus primeiros cinco anos no poder para travar uma batalha contra a corrupção , no âmbito da qual 1,3 milhão de pessoas foram punidas, segundo uma avaliação oficial.

    No entanto, seus críticos acusam-no de aproveitar a campanha para se livrar de seus opositores internos.

    O regime não fez nenhuma concessão à sociedade civil, com a detenção de advogados e dissidentes, além de ter rejeitado os pedidos de clemência ao opositor Liu Xiaobo , Prêmio Nobel da Paz que morreu em julho , após passar oito anos na prisão. Xiaobo foi proibido de deixar o país para se tratar, apesar dos pedidos do Ocidente.

    "FADIGA DE PROMESSAS"

    No exterior, Xi aumentou o orçamento militar e reivindicou a soberania de seu país sobre quase todo o mar do Sul da China, apesar de uma arbitragem internacional que rejeitou tais pretensões.

    Analistas e executivos estrangeiros são céticos quanto às promessas do partido.

    "Não vejo nenhuma abertura de mercado. Tudo é disciplina e controle", disse à Reuters um executivo americano baseado na China.

    "Não vamos acelerar reformas. O ritmo não vai mudar dramaticamente", disse um conselheiro do governo.

    Para a Câmara de Comércio da União Europeia, empresas estrangeiras estão sofrendo uma certa "fadiga de promessas" chinesas.

    "Nos últimos 20 ou 30 anos, era o desenvolvimento econômico a qualquer custo, e agora vemos um novo paradigma em que a segurança nacional é dominante, e temas econômicos são vistos por essas lentes", disse Jude Blanchette, do Centro Chinês para Economia e Negócios, em Pequim.

    *

    14 anos
    é a idade mínima para entrar na Juventude Comunista, principal porta de entrada para o PC

    88 milhões
    de membros tem o PC chinês, cerca de 6% da população do país

    75%
    dos integrantes são homens

    30%
    dos integrantes trabalham na agropecuária

    Principais questões do congresso

    Presidente
    Hoje, Xi Jinping é o secretário-geral do partido; não há presidente. Recriar a posição diminuiria a importância do Comitê Permanente

    Comitê Permanente
    Formado por sete homens, dos quais a maioria vai se aposentar. Entre os cotados para ingressar estão Li Shulei, que atua no combate à corrupção, e Chen Miner, aliado de Xi

    Indicações
    Diversas indicações, como a de ministro do Exterior e de presidente do Banco Central, serão decididas, mas algumas só serão anunciadas em março de 2018

    Sucessor
    A ascensão de Xi foi confirmada em 2007, quando passou a integrar o Comitê Permanente. Um sucessor teria de ser apontado para o órgão agora e ser jovem o bastante para servir por ao menos 15 anos

    Reformas
    Congresso vai determinar se Xi manterá sua promessa de 2013 de que o mercado tenha papel "decisivo" na economia. Iniciativas de reforma serão importantes, como as ligadas ao sistema fiscal, aos impostos sobre os imóveis e à posse de terras

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