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    Abe vence eleição com supermaioria e poderá mudar Constituição do Japão

    EWERTHON TOBACE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TÓQUIO

    23/10/2017 09h29 - Atualizado às 10h35

    A coalizão governista conquistou mais de dois terços das cadeiras na eleição para a Câmara Baixa do Parlamento japonês, mostram os resultados divulgados nesta segunda-feira (23). Com isso, ele poderá aprovar mudanças na Constituição do país.

    O Partido Liberal Democrático, do primeiro-ministro Shinzo Abe, ganhou 284 cadeiras, enquanto seu parceiro de coalizão, o Komeito, terá 29.

    Assim, o governo terá 313 das 465 vagas da Casa. Antes da votação, a coalizão tinha 321 cadeiras de 475 vagas no Parlamento —o número total de cadeiras pode variar.

    Ao convocar a eleição antecipada para o Parlamento, o objetivo de Abe era exatamente ganhar pelo menos dois terços das cadeiras, maioria necessária par aprovar mudanças na Constituição.

    Assim, Abe deve conquistar seu terceiro mandato como premiê, entrando assim para a história como o líder mais duradouro do país após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), podendo continuar até 2021. Antes, ele tivera uma rápida e desastrosa passagem como premiê em 2006 e 2007.

    Apesar da vitória governista, o pleito de domingo (22) também teve um bom resultado para a oposição.

    O recém criado Partido Democrata Constitucional, de centro esquerda, saltou de 15 cadeiras para 55.

    Já o conservador Partido da Esperança, que chegou a ser visto como uma possível ameaça a Abe no começo da campanha, viu sua bancada diminuir de 57 lugares para 50.

    GUERRA

    Com maioria ampla na Câmara, analistas políticos preveem que o primeiro-ministro deva pôr como pauta prioritária uma ambição antiga, rever a Constituição pacifista do Japão. A Carta só permite que o país, derrotado na Segunda Guerra, tenha forças de defesa, e não de ataque.

    Também nesta segunda, o atual ministro da Defesa, Itsunori Odonera —aliado de Abe— subiu o tom em relação à Coreia do Norte.

    Segundo ele, a capacidade balística da ditadura de Kim Jong-un chegou a um nível perigoso. "A ameaça apresentada pela Coreia do Norte atingiu um nível crítico, iminente e sem precedentes", disse após se encontrar com representantes do governo americano e sul-coreano.

    Onodera afirmou ainda que neste cenário, Tóquio, Washington e Seul devem "calibrar" de maneiras diferentes as formas de responder às ameaças de Pyongyang.

    CONSTITUIÇÃO

    Apesar de ter conquistado uma ampla maioria, a situação, pode não ser tão encorajadora para as forças pró-Abe.

    Pesquisas divulgadas neste domingo pelas mídias japonesas mostraram um paradoxo: grande parte da população tem uma frustração acumulada com o governo do primeiro-ministro justamente por causa da ideia irredutível de Abe de querer mudar o Artigo 9 da Constituição, onde é afirmado que o Japão renuncia à guerra.

    Para alterar a Constituição, além da aprovação de dois terços do Parlamento, a mudança precisa ser aprovada em um referendo.

    Uma das pesquisas, realizada pelo jornal liberal Asahi, apontou que 51% dos entrevistados não queriam que Abe continuasse à frente do país. O contraste em relação aos resultados das urnas é justificado na pesquisa pela falta de uma melhor opção.

    Com agências de notícias

    Eleições parlamentares no Japão

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