Mais de um século atrás, a célebre teoria da relatividade de Albert Einstein alterou a compreensão do mundo sobre o espaço e o tempo.

Esta semana, a "teoria da felicidade" que o físico de cabelos revoltos revelou a um mensageiro de hotel foi vendida por mais de US$ 1,5 milhão em um leilão em Jerusalém.

Em 1922, Einstein se hospedou no Imperial Hotel de Tóquio, durante uma turnê mundial de palestras, e havia sido informado há pouco tempo de que tinha ganho o Prêmio Nobel de Física.

Quando um mensageiro do hotel entregou uma mensagem ao físico, ele procurou algum trocado no bolso para lhe dar uma gorjeta.

Porque estava sem dinheiro, Einstein ofereceu uma gorjeta na forma de uma teoria sobre como ter uma vida feliz.

"Uma vida calma e modesta traz mais felicidade do que a busca de sucesso combinada à constante inquietação", ele escreveu em alemão, em uma folha de papel de carta do hotel.

E, uma segunda folha, ele escreveu "querer é poder".

Einstein disse ao mensageiro, de acordo com a casa de leilões, que se ele tivesse sorte, as duas folhas poderiam um dia valer muito mais do que uma gorjeta comum. As palavras dele, como bem se poderia esperar de um homem que mudou nossa compreensão do universo, foram proféticas.

Na terça-feira (24), a teoria da felicidade de Einstein foi vendida pela Winner's Auctions and Exhibition, sediada em Jerusalém, por US$ 1,56 milhão, o que o colocou na lista dos mais generosos doadores do planeta.

A identidade do vendedor, que é europeu, não foi revelada.

A segunda nota foi vendida por US$ 250 mil, de acordo com a casa de leilões.

Meni Chadad, porta-voz da Winner's, disse em entrevista por telefone, de Jerusalém, que a casa de leilões havia sido procurada meses atrás pelo neto do irmão do mensageiro.

Depois de autenticar os documentos, ele disse, a casa de leilões previu que as duas notas seriam vendidas por entre US$ 5 mil e US$ 8 mil cada.

Os lances começavam em US$ 2 mil, mas rapidamente chegaram à casa dos seis dígitos. Quando o lance vencedor foi anunciado, a sala irrompeu em aplausos, disse Chadad.

"Foi um recorde histórico para o leilão de um documento em Israel, e simplesmente causou espanto", ele acrescentou. "Creio que a quantia possa ser explicada pelo fato de que a história por trás da gorjeta é tão inspiradora e otimista, e porque Einstein continua a ser um rock star, muito depois de sua morte".

A Winner revelou que quando o mensageiro chegou ao quarto de hotel de Einstein, o célebre físico havia sido informado pouco antes, por telegrama, de que receberia o Prêmio Nobel de Física, e que estava atônito diante dos milhares de pessoas haviam corrido a felicitá-lo.

A casa de leilões diz que Einstein estava tentando colocar seus pensamentos e sentimentos no papel, no momento em que o mensageiro chegou. Por não ter trocados para uma gorjeta, ele "decidiu tirar vantagem de sua nova posição de celebridade", explicou a empresa.

Einstein, que morreu em 1955, tinha forte conexão com Israel.

Foi um dos fundadores da Universidade Hebraica e era membro de seu conselho, e doou todos os seus papéis a à instituição. Elsa, a mulher do cientista, doou um manuscrito da teoria geral da relatividade à Universidade Hebraica no ano em que esta foi inaugurada, 1925.

E como podemos avaliar a gorjeta de Einstein —mesmo que a posteriori?

Uma das "gorjetas" mais generosas da História foi dada em 1984 na Sal's Pizzeria de Yonkers, quando um detetive de polícia chamado Robert Cunningham prometeu dar à garçonete Phyllis Penzo metade do prêmio de um bilhete de loteria de US$ 1, caso ganhasse.

Penzo concordou e os dois escolheram os números juntos. No dia seguinte, o bilhete ganhou US$ 6 milhões. A história mais tarde foi transformada no filme "Atraídos pelo Destino".

Embora a teoria da felicidade de Einstein confira valor maior a uma vida simples do que à riqueza e sucesso, disse Chadad, os descendentes do mensageiro do hotel ainda assim ficaram muito contentes com sua nova riqueza.

"Estão muito, muito felizes", ele disse.

Tradução de PAULO MIGLIACCI