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    Trump libera 95% de arquivos secretos restantes sobre morte de Kennedy

    SILAS MARTÍ
    DE NOVA YORK

    26/10/2017 21h32 - Atualizado às 23h14

    Associated Press-22.out.1962
    FILE - In this Oct. 22, 1962 file photo, President John F. Kennedy makes a national television speech from Washington. He announced a naval blockade of Cuba until Soviet missiles are removed. The Kennedy image, the "mystique" that attracts tourists and historians alike, did not begin with his presidency and is in no danger of ending 50 years after his death. Its journey has been uneven, but resilient _ a young and still-evolving politician whose name was sanctified by his assassination, upended by discoveries of womanizing, hidden health problems and political intrigue, and forgiven in numerous polls that place JFK among the most beloved of former presidents.(AP Photo) ORG XMIT: NY308
    O ex-presidente americano John F. Kennedy, assassinado em 1963

    Donald Trump decidiu não liberar todos os documentos da investigação do assassinato de John Kennedy , dando mais fôlego às teorias da conspiração sobre o episódio.

    Em vez de todos os arquivos, o presidente autorizou a divulgação de 2.981 dos cerca de 3.150 registros ainda secretos, alegando questões de segurança nacional para manter certos documentos fora de alcance. Alguns dos papéis secretos, no entanto, serão liberados com alterações, mantendo dados em segredo.

    Turbinando a expectativa de historiadores, Trump havia anunciado nesta semana que os arquivos confidenciais desde que Lee Harvey Oswald deu o tiro que matou o então presidente em 1963 veriam a luz do dia em 26 de outubro deste ano, seguindo a previsão de uma lei da década de 1990 que estabelecia 25 anos de sigilo para os documentos.

    Os National Archives, em Maryland, onde estão guardados os arquivos transformou seu site numa espécie de plantão de notícias, anunciando que os documentos poderiam ser disponibilizados on-line a qualquer hora.

    Autoridades, no entanto, pediram ao presidente que mantivesse o sigilo sobre uma parte dos documentos, e Trump dará um prazo de seis meses para que os motivos da manutenção sejam detalhados ou pode liberar o acesso.

    De acordo com a lei que determina a divulgação dos arquivos, o presidente pode barrar a liberação caso identifique ameaças à "defesa militar, a operações de inteligência ou à condução das relações exteriores" ou se o dano potencial for de "tamanha gravidade que supere o interesse público da divulgação".

    Max Holland, um historiador que escreveu um livro sobre o assassinato de Kennedy , disse à Folha que um motivo para não divulgar os arquivos pode ser que muitos dos envolvidos no caso ainda estão vivos e podem ser constrangidos pelas revelações.

    Entre eles está a viúva de Lee Harvey Oswald, Marina. Também pode haver revelações embaraçosas para o governo americano, em especial na parte da investigação no México, onde o assassino esteve no consulado cubano.

    Uma análise superficial dos documentos que foram liberados mostra que Oswald, o assassino de Kennedy, teria ligado para um agente da KGB, a polícia secreta soviética, dias antes do atentado.

    O historiador Tim Naftali, da Universidade Nova York, afirmou, em entrevista à CNN, que um dos documentos indica que os Estados Unidos consideraram usar armas químicas contra os cubanos.

    Também voltaram ao noticiário as alegações de Trump durante sua campanha, quando sugeriu que o pai do senador Ted Cruz teria ligações com o assassino de Kennedy. Cruz, em entrevista à MSNBC, disse estar ansioso para ver os documentos e chamou de "ridículas" as afirmações do atual presidente.

    Holland lembra, no entanto, que todos os documentos em questão –cerca de 1% do total dos arquivos do caso– já foram analisados por historiadores na década de 1990, quando um filme de Oliver Stone acusou o governo americano de esconder dados.

    Ele acredita que qualquer dado nos arquivos que mudasse a narrativa estabelecida até agora já teria vazado.

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