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    A misteriosa ligação recebida por um jornal inglês 25 minutos antes do assassinato de Kennedy

    DA BBC BRASIL

    27/10/2017 16h56

    Associated Press
    Kennedy ao lado de Jacqueline pouco antes de ser morto, em Dallas
    Kennedy ao lado de Jacqueline pouco antes de ser morto, em 22 de novembro de 1963

    Às 18h05 (horário local) de 22 de novembro de 1963, o jornal regional britânico "Cambridge News" recebia um misterioso telefonema. A chamada, anônima, apenas se referia a "uma grande notícia nos Estados Unidos".

    Vinte e cinco minutos depois, o presidente americano John F. Kennedy era alvejado em Dallas, no Texas. O 35º presidente dos Estados Unidos foi morto a tiros enquanto desfilava com a primeira-dama Jacqueline Kennedy em uma limusine aberta. O caso alimenta teorias da conspiração até hoje.

    O telefonema britânico foi registrado em um memorando em 26 de novembro daquele ano, tornado público pelos Arquivos Nacionais dos EUA em julho, mas passou despercebido. Agora, volta a ser revelado com uma leva de documentos relacionados ao assassinato e sua investigação, que perderam o status de confidencialidade nesta quinta-feira.

    O memorando, escrito pelo vice-diretor do FBI James Angleton ao então chefe da agência, J. Edgar Hoover, informava que o serviço de inteligência britânico MI-5 havia apurado que o misterioso telefonema fora feito a um repórter sênior do jornal de Cambridge.

    "O autor da ligação disse apenas que o repórter do 'Cambridge News' deveria telefonar à Embaixada dos EUA em Londres para uma grande notícia e então desligou", dizia o memorando.

    "Após saber da morte do presidente, o repórter informou a polícia de Cambridge do telefonema anônimo e a polícia informou o MI-5. A questão importante é que a ligação foi feita, segundo os cálculos do MI-5, cerca de 25 minutos antes de o presidente ter sido alvejado. O repórter nunca havia recebido uma ligação desse tipo antes, e o MI-5 afirma que ele (jornalista) é conhecido deles como uma pessoa sensata e leal, sem nenhum histórico (de problemas) de segurança."

    O memorando acrescentou que telefonemas anônimos similares "de uma natureza estranhamente coincidente" haviam sido recebidos por pessoas no Reino Unido ao longo do ano anterior, "particularmente em conexão com o caso de Dr. Ward" —uma aparente referência ao médico Stephen Ward, personagem central do escândalo político britânico chamado Caso Profumo, que abalou o governo conservador no início dos anos 1960.

    A atual equipe do "Cambridge News" diz desconhecer a identidade do repórter que recebeu o telefonema, mas vai localizar antigos repórteres dos anos 1960 para tentar descobrir.

    "É (uma história) de cair o queixo", afirma a repórter Anna Savva. "Não temos nada a respeito em nosso arquivo, e ninguém (na redação do 'Cambridge News') sabe o nome da pessoa que recebeu o telefonema."

    Em um vídeo publicado no site do jornal, o chefe de reportagem Chris Elliott diz que a incógnita inicialmente veio à tona nos anos 1980.

    "Um advogado de Londres, Michael Eddowes, começou a investigar um documento que supostamente conseguiu na CIA (agência de inteligência dos EUA)", disse.

    "Nesse documento, mencionava-se um telefonema feito ao 'Cambridge News' advertindo que algo grande ia acontecer. (...) Não sabemos se o telefonema de fato foi feito, não sabemos qual repórter recebeu o telefonema e não sabemos qual seria a razão para alguém telefonar para um jornal de Cambridge a respeito disso."

    Elliott disse que o advogado Eddowes, que morreu em 1992, "estava convencido de que havia algum tipo de conspiração" e que o telefonema pode ter sido um entre vários feitos a jornais e outros veículos de imprensa para tentar fomentar a ideia de que a morte de Kennedy fora orquestrada.

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