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    Governo espanhol destitui chefe da polícia catalã

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    28/10/2017 07h02 - Atualizado às 09h48

    Susana Vera - 16.out.2017/Reuters
    O chefe da polícia catalã, Josep Lluís Trapero
    Josep Lluís Trapero, chefe dos Mossos d'Esquadra, deixa tribunal em Madri

    Um dia após depôr a administração catalã, o governo espanhol anunciou neste sábado (28) sua intervenção na polícia regional, conhecida como Mossos d'Esquadra.

    A medida será uma das ações mais controversas dentro da intervenção do governo central, como resposta ao processo separatista da Catalunha —o Parlamento dessa região aprovou uma constituinte na sexta-feira (27), interpretada como uma declaração de independência.

    A intervenção, parte do Artigo 155 da Constituição espanhola, foi aprovada também durante a sexta-feira pelo Senado.

    Os Mossos eram chefiados por dois cargos: Pere Soler era o líder político, e Josep Lluís Trapero, o líder de operações. Ambos foram destituídos por Madri.

    A polícia catalã passa agora ao controle do Ministério do Interior espanhol, que assumiu as funções equivalentes a essa pasta na Catalunha. Soler não será substituído, sinalizando que os Mossos deixarão de ter caráter político. Já o posto do major Trapero passará ao seu número dois, Ferrán López.

    A autonomia parcial da Catalunha, já excepcional na Espanha, é caracterizada pela presença de um Parlamento regional com base em Barcelona e por sua polícia.

    Mas os Mossos têm assumido um caráter político e alinhado ao separatismo, algo que desagrada Madri.

    Trapero tem uma relação bastante próxima com Carles Puigdemont, presidente catalão também deposto pelo Artigo 155. Ambos aparecem em um vídeo caseiro de 2016 tocando a canção "Let It Be", dos Beatles, em um violão.

    Quando o governo central pediu a essa polícia que impedisse o plebiscito separatista de 1º de outubro, considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional, a força deixou de atuar —por isso, o governo central responsabilizou os Mossos pelo embates entre eleitores e a polícia nacional, enviada por Madri. Trapero está sendo acusado de sublevação por usa atuação no caso.

    SUBSTITUIÇÃO

    O presidente regional catalão, Carles Puigdemont, foi substituído pela vice-premiê espanhola, Soraya Sáenz de Santamaría, do conservador Partido Popular —o mesmo do premiê, Mariano Rajoy.

    As finanças, outra área controversa da intervenção espanhola, vão para a pasta de Fazenda, chefiada pelo ministro Cristóbal Montoro. As funções eram do vice-presidente catalão, Oriol Junqueras, um dos líderes separatistas, também destituído.

    Ainda não se sabe como o governo catalão vai reagir às destituições, mas Madri já deixou claro que caso permaneçam nos cargos podem ser acusados pelo crime de usurpação de funções.

    O presidente catalão removido, Puigdemont, também corre o risco de ser acusado de rebelião, que leva a 30 anos de prisão.

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