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    Facebook faz mea-culpa sobre brecha para interferência russa em eleição

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    01/11/2017 02h00

    Em uma audiência marcada por vários momentos de tensão, os responsáveis pela área legal do Facebook, do Google e do Twitter foram questionados nesta terça (31) por membros da Comissão de Justiça do Senado americano sobre as brechas que teriam permitido que operadores russos usassem suas plataformas para influenciar as eleições de 2016.

    "Em retrospectiva, deveríamos ter olhado com mais cuidado [para isso]. Perdemos alguns sinais", admitiu Colin Stretch, principal advogado do Facebook, ao ser pressionado pelo senador democrata Al Franken.

    Hendrik Scmidt/DPA/AFP
    Senador Patrick Leahy mostra exemplos de propaganda russa em reunião com empresas de tecnologia
    Senador Patrick Leahy mostra exemplos de propaganda russa em reunião com empresas de tecnologia

    O democrata criticou a empresa por não ter descoberto antes a influência russa, especialmente pelo fato de que muitos dos anúncios comprados por agentes ligados à "fazenda de trolls" Internet Research Agency (IRA) foram pagos em rublos. "Anúncios políticos americanos e moeda russa: quem não conseguiria ligar essas duas coisas?", afirmou Al Franken.

    O senador ainda questionou se o Facebook se recusaria a aceitar, no futuro, anúncios políticos nos EUA pagos com rublos ou com o won norte-coreano. Segundo Stretch, a empresa está determinada a vigiar e frear possíveis ações de manipulação política por atores estrangeiros, mas o tipo de pagamento não é o fator-chave, já que é "relativamente fácil" trocar a moeda antes da operação.

    Na véspera da audiência, a imprensa americana antecipou que o Facebook havia descoberto que cerca de 126 milhões de usuários podem ter tido acesso aos 80 mil posts publicados por operadores russos durante dois anos, durante e após as eleições.

    Trump emparedado

    "Apesar de esse volume de posts ser uma pequena fração de todo o conteúdo disponível no Facebook, qualquer quantia já é muito. Essas contas e páginas violaram as políticas do Facebook —e é por isso que as removemos, como fazemos com todas as atividades falsas e maliciosas que encontramos", disse Stretch, em sua fala inicial.

    Durante a audiência, os representantes das três empresas de tecnologia enfatizaram que apenas uma pequena fração do conteúdo que apareceu em suas plataformas tinha alguma ligação com governos estrangeiros, particularmente a Rússia.

    O senador republicano pela Louisiana John Kennedy insistiu para saber se o Facebook tinha como identificar quem estava por trás dos anúncios publicado na rede. "Acerca de sua pergunta sobre se podemos ver por detrás da plataforma, para entender se há empresas de fachada, é claro que a resposta é não", disse Stretch. "Não podemos ver por detrás da atividade."

    Kennedy também questionou o Google sobre suas atividades, pressionando o advogado Richard Salgado a falar se a empresa opera, essencialmente, como um jornal, considerando seu papel de distribuir notícias em todo o mundo.

    A questão é importante por razões de regulação. Pela lei federal, plataformas de tecnologia não têm a mesma responsabilidade legal pelo material disponibilizado do que empresas de comunicação tradicionais.

    "Não somos um jornal. Somos uma plataforma que compartilha informação. Essa é uma plataforma na qual as notícias podem ser lidas a partir de várias fontes", disse Salgado.

    O representante do Google tentou distanciar as práticas de sua empresa das do Facebook e do Twitter. Segundo ele, apesar de agentes russos terem usado o YouTube para divulgar vídeos políticos, essa prática só ganhou impulso por causa das plataformas de mídias sociais.

    "Observamos que os links desses vídeos eram frequentemente postados em outras plataformas de mídias sociais. Os produtos do Google também não se prestam ao tipo de segmentação ou disseminação viral que esses atores parecem preferir", afirmou.

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