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    Trump vai revogar loteria de vistos que permitiu entrada de terrorista

    SILAS MARTÍ
    DE NOVA YORK
    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE WASHINGTON

    01/11/2017 15h07 - Atualizado às 19h23

    Depois de uma troca de farpas nas redes sociais e de ser criticado por não telefonar para o prefeito e o governador de Nova York nas horas depois do atentado que deixou oito mortos no sul de Manhattan, Donald Trump anunciou a intenção de revogar a loteria de vistos que permitiu a entrada do terrorista do Uzbequistão nos EUA.

    "Não queremos loterias, queremos um sistema baseado em mérito. É uma piada o que temos agora", disse o presidente, em discurso na Casa Branca. "Precisamos ser menos politicamente corretos. Temos de fazer tudo para proteger nossos cidadãos. Estamos tão politicamente corretos que vivemos com medo de fazer o que quer que seja."

    O programa Loteria de Vistos da Diversidade sorteia estrangeiros ao acaso, que são agraciados com o green card. Foi assim que o uzbeque Sayfullo Saipov, responsável pelo ataque em Manhattan, ganhou a residência permanente no país, em 2010.

    Trump afirmou que considera enviar Saipov, a quem chamou de "animal", à prisão de Guantánamo.

    A penitenciária americana em Cuba não recebe novos detentos desde que o ex-presidente Barack Obama orientou o governo a fechar a prisão, com uma ordem executiva em 2009.

    Trump, porém, anunciou ainda na campanha que não pretendia fechá-la, e chegou a preparar um decreto para anular a ordem de Obama e reabrir o local a prisioneiros ligados à rede terrorista Al Qaeda ou à facção Estado Islâmico.

    Mais tarde, a porta-voz da Casa Branca Sarah Sanders disse que o presidente "não necessariamente" defendia a medida, mas que a apoiaria caso ela fosse considerada necessária.

    Para Trump, os Estados Unidos devem ser "mais duros e menos politicamente corretos" no combate ao terrorismo.

    Editoria de Arte/Folhapress
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    LOTERIA

    Segundo o presidente, Sayfullo Saipov é o contato principal nos EUA de 23 imigrantes (alguns dos quais membros de sua família), que chegaram ao mesmo tempo que ele ou graças a ele e, nas palavras de Trump, "certamente podem representar uma ameaça" ao país. "Precisamos acabar com a corrente da imigração", completou.

    Saipov é um residente legal no país há sete anos, graças à loteria dos vistos. Para se habilitar à disputa, o imigrante precisa ter ensino médio completo e passar por uma triagem de segurança. O sorteio é feito uma vez por ano pelo Departamento de Estado, por meio de um programa de computador. O primeiro foi em 1995 -são 55 mil vistos concedidos por ano.

    A ideia da loteria é ampliar a diversidade da população dos Estados Unidos, por meio da regularização de imigrantes de países com baixa taxa de imigração. O Brasil não faz parte do programa desde 2007, por já ter enviado mais de 50 mil imigrantes ao país.

    "Loteria da diversidade. Soa bem. Mas não é bom. Não vem sendo bom", afirmou Trump.

    A medida foi aprovada com apoio de democratas e republicanos no início da década de 1990, na administração de George H. W. Bush.

    Foi esse o ponto de partida de uma briga de Trump com o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, no Twitter.

    "O terrorista entrou em nosso país por meio do Diversity Lottery Program [Programa de Loteria da Diversidade], uma maravilha de Chuck Schumer", criticou o presidente republicano.

    Schumer rebateu os tuítes do presidente dizendo que "em vez de dividir o povo e politizar" a questão, ele deveria "fazer alguma coisa" e não cortar verbas para prevenção e combate ao terror.

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