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    Após ataque na cidade, Nova York reforça segurança para maratona

    SILAS MARTÍ
    DE NOVA YORK

    04/11/2017 02h00

    Richard Drew/Associated Press
    Policial monitora o local da faixa de chegada da maratona de Nova York
    Policial monitora o local da faixa de chegada da maratona de Nova York

    Barreiras metálicas e caminhões carregados de areia se espalham por Nova York. Quatro dias depois do atentado que deixou oito mortos em Manhattan, a cidade reforça a segurança em torno de uma maratona que atravessa todos os seus distritos.

    Enquanto 50 mil atletas estiverem correndo, atraindo até 2,5 milhões de espectadores, a polícia estará de olho nos arredores com câmeras, o dobro do número de homens observando no topo dos prédios e efetivos usando armamento pesado ao longo do trajeto de 42,2 quilômetros.

    "Estamos trabalhando com os policiais para garantir que essa seja a maratona mais segura de todas", dizia Chris Weiler, porta-voz do evento, numa tenda de observação montada no Central Park, onde fica a linha de chegada.

    "Você vai ver muitos policiais, muitas câmeras", acrescentou Weiler. "Há muitas medidas, algumas delas mais visíveis, outras invisíveis."

    Entre as mais ostensivas, está a presença de caminhões cheios de areia, que funcionam como barreiras móveis contra ataques terroristas com carros e outros veículos, como o desta semana numa ciclovia junto ao rio Hudson.

    Essa tática é usada cada vez mais aqui desde que se tornaram mais comuns atentados envolvendo atropelamentos. Cheias de areia, as carretas de 20 toneladas quase dobram o seu peso.

    Nos desfiles de Halloween do dia do atentado, por exemplo, caminhões bloqueavam a entrada da Sexta avenida, onde começava a parada.

    PONTOS VULNERÁVEIS

    O desafio com a maratona, no entanto, será bem maior. Atletas correm ao longo de várias avenidas com cruzamentos difíceis de bloquear.

    "Não é possível blindar todos os lugares. Há pontos mais vulneráveis", disse Andrew Cuomo, governador de Nova York, sobre a segurança da maratona. "Mas temos a melhor polícia do mundo."

    Weiler, o porta-voz da corrida, disse ainda que o evento investiu US$ 1 milhão, cerca de R$ 3,3 milhões, em segurança e que outras medidas adotadas desde o ataque à maratona de Boston, que deixou três mortos há quatro anos, continuam valendo.

    Espectadores, por exemplo, não podem trazer bolsas nem vestir casacos muito grandes, que possam ocultar armas ou material explosivo.

    Também foi reforçada a revista nos pontos que atraem público maior, como a linha de largada, em Staten Island, o centro do Brooklyn e os quilômetros finais, quando atletas descem a Quinta avenida e adentram o Central Park.

    Mesmo um tanto nervosos, competidores hesitaram, mas não desistiram da corrida.

    "Não vou mentir que pensei duas vezes antes de vir, mas não vou estar pensando no ataque na hora de correr", diz a atleta Diane Nukuri, do Burundi. "Vou pensar nos que perderam pessoas queridas, mas vou tentar não ficar pensando em segurança."

    Rodrigo Zan e a mulher, Melissa, casal de brasileiros do interior do Rio Grande do Sul que tirava selfies em frente a uma bandeira verde e amarela na linha de chegada, também ficaram receosos com o ato terrorista, mas mantiveram planos de correr.

    "Ficamos um pouco tensos, mas o evento é tão grandioso que a gente não se abalou tanto", afirmava Zan, um dos 618 brasileiros inscritos no evento —o Brasil, aliás, tem a 13ª maior presença na corrida. "Estamos planejando isso há tempo, nada ia tirar nossa vontade de vir."

    Edna Kiplagat, atleta queniana entre as favoritas, também não queria abrir mão de correr em Nova York. "Dede os primeiros treinos, queria ganhar aqui", disse. "Sei que está tudo sob controle."

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