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    Hariri diz que voltará ao Líbano e sugere que pode recuar de renúncia

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    12/11/2017 18h12

    Aziz Taher/Reuters
    Um cartaz que retrata o primeiro-ministro do Líbano, Saad al-Hariri, que renunciou a sua postagem, é visto em Beirute, Líbano, 10 de novembro de 2017.
    Um cartaz do premiê do Líbano, Saad al-Hariri, que renunciou ao cargo, é visto em Beirute

    Após anunciar que havia renunciado ao cargo de primeiro-ministro do Líbano, no dia 4, Saad al-Hariri reapareceu neste domingo (12) e deu a entender que poderia rever sua decisão.

    Falando da Arábia Saudita, onde está desde que o anúncio de sua saída do governo, Hariri afirmou que planeja voltar em breve a seu país para confirmar sua renúncia, de acordo com a Constituição libanesa. No entanto, disse também que, caso ele opte por retomar o cargo, o grupo radical xiita Hizbullah precisa respeitar a política do Líbano de não se envolver em conflitos regionais.

    Segundo o ex-premiê, a monarquia saudita, sua principal aliada, deseja que os libaneses mantenham-se neutros nos conflitos do Oriente Médio, sem se aliar ao Irã.

    A mensagem é um recado direto ao Hizbullah, movimento que se tornou um apoiador-chave do regime do ditador sírio, Bashar al-Assad e o único grupo libanês que não entregou as armas ao fim da guerra civil no país (1975-90).

    De acordo com Hariri, sua entrega do cargo ocorreu para causar um "choque positivo" no país e alertar para a crescente influência iraniana no Líbano, que, na sua visão, estaria arruinando a relação com outras nações árabes.

    "Estou livre", afirmou Hariri, rejeitando a versão de que estaria na Arábia Saudita contra sua vontade. Para autoridades libanesas, a renúncia não poderia ser aceita pelo fato de ter sido declarada fora do país.

    Neste domingo (12), milhares de competidores de uma maratona anual no Líbano aproveitaram o evento para pedir o retorno de Hariri. O ex-premiê, aliás, é um participante frequente da corrida, o que dava projeção internacional à prova. O apelo também foi feito pelo presidente libanês, Michel Aoun, que tampouco reconheceu a renúncia.

    Quando anunciou sua saída, no dia 4, Hariri afirmou que a atmosfera em seu país se parecia com o clima anterior ao assassinato de seu pai, o também ex-premiê Rafik Hariri, em 2005, e disse temer por sua vida. "Sinto o que está sendo tramado secretamente contra minha vida", disse à ocasião.

    Hariri foi designado primeiro-ministro no fim de 2016 e chefiava um governo de união nacional que incluía o Hizbullah.

    O Líbano é fortemente dividido entre o campo leal à Arábia Saudita, chefiado pelo sunita Hariri, e a ala alinhada ao Irã, representada pelo Hizbullah e apoiada pelo presidente Aoun, que é cristão, como requer a Constituição (a Carta estabelece ainda que o premiê seja muçulmano sunita e o líder do Parlamento, muçulmano xiita).

    Aoun foi eleito em 2016, após mais de dois anos de vácuo na Presidência, graças ao apoio de Hariri, conquistado em troca da promessa de apontá-lo premiê.

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