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    Opositor venezuelano Antonio Ledezma foge para a Colômbia

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

    17/11/2017 14h33 - Atualizado às 22h01

    Ueslei Marcelino - 1º.ago.2017/Reuters
    Pessoas seguram fotos de Antonio Ledezma em evento da oposição venezuelana em agosto
    Pessoas seguram fotos de Antonio Ledezma em evento da oposição venezuelana em agosto

    O governo da Colômbia anunciou nesta sexta-feira (17) que o líder opositor venezuelano Antonio Ledezma entrou no país pela Ponte Internacional Simón Bolívar, principal acesso terrestre, conseguindo burlar as forças do regime de Nicolás Maduro.

    Ex-prefeito metropolitano de Caracas, Ledezma foi capturado em fevereiro de 2015, acusado de conspiração para derrubar o chavista, e, sem sem ser condenado, ficou 1.002 dias detido, a maioria deles em prisão domiciliar.

    Ele escapou de sua casa, na capital venezuelana, de madrugada e percorreu 843 km até a fronteira. "Foi uma travessia, digamos, cinematográfica. Passamos por mais de 29 postos de controle. Deus é muito grande", disse o líder opositor após chegar à colombiana Cúcuta.

    "Maduro não pode continuar a torturar o povo. Enquanto paga US$ 72 bilhões em juros da dívida, tem gente que não tem o que comer."

    Ele ainda pediu aos colegas que ficaram não brincar com o sentimento da população e exigir a libertação dos presos políticos antes de qualquer negociação.

    Ledezma é contra ao diálogo iniciado na quinta (16) em Santo Domingo pela coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD), com a mediação de cinco países latinos. A previsão é que as delegações do regime e da oposição voltem a se reunir em 1º de dezembro.

    De Cúcuta o antichavista foi para Bogotá, de onde partiu rumo a Madri, onde reencontrará a mulher, Mitzy. Ao sair, deixou uma bandeira à ex-deputada María Corina Machado, que o parabenizou.

    "Tinha certeza que ele não permitiria que o fizessem refém da tirania. Sua vida corria perigo, agora, de onde estiver, lutará sem descanso por nossa liberdade", disse nesta sexta. "Ledezma não permitiu que a ditadura o tornasse refém desse falso diálogo".

    Outro a felicitá-lo pela fuga foi o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro. "Ele agora está livre para liderar a luta, do exílio, para a restauração do sistema democrático de seu país."

    Depois de Leopoldo López, também em prisão domiciliar, Ledezma é o preso político mais famoso entre os mais de 3.000 que se estima estarem sob custódia da ditadura de Nicolás Maduro.

    Depois da fuga, as casas de López e de Ledezma foram cercadas pelo Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência). Em discurso à noite, Maduro não comentou a falha de suas forças de segurança, mas ironizou seu adversário político.

    "Hoje Antonio Ledezma escapou das nossas mãos. O vampiro vai voar livre pelo mundo, foi embora protegido pela Espanha para aproveitar a vida, para tomar vinho na Gran Vía [em Madri]. Que eles não o devolvam, que fique por lá."

    Com informações de São Paulo e das agências de notícias.

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