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    Venezuela prende presidente de filial americana da petroleira PDVSA

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    21/11/2017 15h39

    Autoridades da Venezuela prenderam nesta terça-feira (21) em Caracas o presidente interino da Citgo —a filial da petroleira PDVSA nos Estados Unidos— por suposta corrupção. Além de José Pereira, também foram detidos cinco vice-presidentes da subsidiária da estatal venezuelana.

    O procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, afirmou que os diretores presos assinaram em julho um acordo milionário para refinanciar a dívida da Citgo em condições desfavoráveis à Venezuela e que comprometia a refinaria americana ao colocá-la como garantia.

    Marco Bello - 12.jan.2017/Reuters
    Posto de combustível da PDVSA, estatal de petróleo da Venezuela, em Caracas
    Posto de combustível da PDVSA, estatal de petróleo da Venezuela, em Caracas

    "Eles agiram com total sigilo, sem sequer coordenar com as autoridades competentes", disse Saab. "Isso é corrupção, corrupção do mais podre calão." Os executivos serão indiciados nas próximas horas por peculato, apropriação de capitais e associação criminosa.

    Saab, que assumiu a Procuradoria-Geral em agosto, se comprometeu a comandar uma "cruzada" contra a corrupção.

    Aliado do ditador Nicolás Maduro, o procurador-geral afirmou que deseja se concentrar na indústria petroleira, fonte de mais de 90% das receitas de exportação da Venezuela.

    No fim de outubro, um alto executivo da PDVSA e dezenas de funcionários foram presos por suspeitas de irregularidades.

    A oposição, porém, afirma que as recentes investigações não demonstram uma intenção genuína do regime Maduro de erradicar a corrupção, mas sim de conduzir um expurgo interno na administração da PDVSA.

    Dona das maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela enfrenta grave crise econômica, acentuada pela queda nos preços do barril de petróleo e má administração da estatal.

    CALOTE

    Na semana passada, o governo venezuelano e a estatal petroleira foram declarados em calote seletivo pelas agências de risco, o último estágio antes do calote completo.

    Hoje a Venezuela acumula uma dívida externa que se avalia estar entre US$ 120 bilhões e US$ 150 bilhões.

    Até o final de 2017, a Venezuela precisa pagar em juros e parcelas de sua dívida algo próximo a US$ 1,5 bilhão e, no próximo ano, precisaria desembolsar outros US$ 8 bilhões a vencer.

    Com sua produção de petróleo caindo ano a ano —em 2017 o país registrou a menor produção das últimas três décadas— e o preço do produto no mercado internacional bem abaixo do que nos anos de bonança, dificilmente a Venezuela conseguiria cumprir com seus compromissos sem ajuda externa.

    JOINT VENTURES

    Em meio à crise do calote parcial, a PDVSA vem subtraindo petróleo de suas rentáveis joint ventures com empresas estrangeiras para alimentar suas refinarias venezuelanas, afirmaram à Reuters duas fontes próximas ao tema.

    As joint ventures exportam petróleo para compradores ao redor do mundo e o desvio reduz a principal fonte de renda do governo. Uma provável razão para a mudança seria uma forma de lidar com a oferta intermitente de combustíveis devido às condições precárias de suas refinarias, que em alguns casos estão operando com um terço da capacidade.

    A PDVSA pediu que a Petropiar —sua joint venture com a americana Chevron— entregue até 45% do petróleo que planejava exportar em novembro sem nenhum reembolso imediato. A PDVSA não respondeu aos pedidos de comentários da reportagem da Reuters. A Chevron não quis se manifestar.

    A estatal venezuelana também retirou neste ano petróleo para suas refinarias domésticas de seu projeto Petrocedeno com a francesa Total e a norueguesa Statoil. Procuradas, as duas sócias não quiseram comentar.

    Editoria de Arte/Folhapress

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