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    Submarino americano vai ajudar na busca por embarcação argentina

    CAROLINA VILA-NOVA
    ENVIADA ESPECIAL A MAR DEL PLATA

    24/11/2017 11h46 - Atualizado às 15h36
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    O porta-voz da Marinha da Argentina, Enrique Balbi, lamentou nesta sexta-feira (24) a falta de notícias sobre o submarino ARA San Juan, desaparecido há nove dias.

    "Gostaríamos de dar melhores notícias. Mas é preciso ser prudentes por respeito aos familiares e à verdade", disse. "Até o momento, não se pôde detectar o submarino."

    Balbi também falou sobre a desastrosa reunião da Marinha com familiares dos tripulantes, na quinta-feira (23), em Mar del Plata.

    Um porta-voz não conseguiu terminar de ler um comunicado para os parentes que, ao serem informados sobre uma explosão ligada ao desaparecimento do San Juan, se revoltaram e iniciaram um quebra-quebra na Base Naval.

    Os familiares se queixaram de que as autoridades disseram tudo, menos que os tripulantes haviam morrido.

    "[O comunicado] Parecia ser muito técnico e pouco humano. Mas era o mais profissional que podemos ser", afirmou Balbi. "Até que encontremos o submarino não podemos dizer aos familiares qualquer outra coisa além de fatos concretos."

    O porta-voz afirmou que, se tiver cometido erros, "a Marinha não vai hesitar em pedir desculpas".

    Um minissubmarino de resgate da Marinha americana está sendo enviado à área de buscas do submarino ARA San Juan com o objetivo de recuperar a embarcação ou o que tenha sobrado dela.

    "A melhor tecnologia hoje quem tem para resgate de tripulantes de submarino acidentados são os EUA", afirmou Balbi, que não apresentou alternativas de resgate ou operações.

    O equipamento, porém, só tem alcance de 610 metros de profundidade. Se o San Juan estiver em profundidade maior do que esta, um eventual resgate não será possível.

    A preparação do minissubmarino, que será transportado em uma embarcação da petroleira francesa Total, ocorre na cidade de Comodoro Rivadavia (sul).

    Além disso, a Rússia se soma às operações a partir deste sábado com um avião Antonov AN-124, o quarto maior avião do mundo, e um submarino teledirigido Pantera Plus.

    CRISE INSTITUCIONAL

    O porta-voz evitou tratar de especulações de que o comando da Marinha seria substituído por causa de tensões com o poder Executivo em torno do caso, conforme noticiou nesta sexta o jornal argentino "Clarín".

    "Não me consta que haja fricções com o governo", afirmou Balbi.

    Segundo o porta-voz, desde o começo a Marinha manejou a crise em coordenação com o Ministério da Defesa.

    DESAPARECIMENTO

    O submarino argentino ARA San Juan, com 44 tripulantes, está desaparecido desde o último dia 15. A embarcação estava em um exercício de vigilância na zona econômica exclusiva marítima argentina a cerca de 400 km a leste de Puerto Madryn, na Patagônia (sul do país). Ele se dirigia de volta à sua base em Mar del Plata, ao norte, quando as comunicações foram interrompidas.

    O San Juan, de propulsão que combina motores a diesel (para uso na superfície) e elétrico (quando submerso), é uma arma de patrulha e ataque com torpedos.

    Ele é um dos três submarinos à disposição de Buenos Aires. Ele faz parte da classe TR-1700, construída pela Alemanha a pedido da Argentina. Dois dos seis barcos desse modelo foram entregues, mas o programa não foi adiante. A embarcação irmã do San Juan, o Santa Cruz, está em atividade.

    O San Juan foi completado em 1985, e passou por uma longa revisão para lhe dar mais 30 anos de vida útil que acabou em 2013. A Marinha argentina, como suas Forças Armadas de forma geral, passam por um processo de degradação acelerada há muitos anos. Possui 11 navios principais de superfície, 3 submarinos, 16 embarcações de patrulha costeira, entre outros.

    A circunstância evoca uma tragédia ocorrida no ano 2000, quando o submarino nuclear russo Kursk sofreu uma explosão no seu compartimento de armas e afundou no mar de Barents —os 118 tripulantes morreram, muitos por asfixia.

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