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    Em gravação, governistas ensinam como fraudar eleição em Honduras

    DE SÃO PAULO

    27/11/2017 17h27

    Edgard Garrido/Reuters
    O presidente Juan Orlando Hernández discursa em Tegucigalpa após votar na eleição no domingo (26)

    Uma gravação obtida pela revista britânica "The Economist" sugere que o partido do presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, teria realizado uma reunião para ensinar técnicas de como fraudar a eleição na qual o conservador é candidato à reeleição.

    Com 57% das urnas apuradas na manhã desta segunda-feira (27), o candidato opositor de esquerda Salvador Nasralla liderava a contagem, com 45,17% dos votos. Hernández aparecia em segundo, com 40,21%.

    O áudio de cerca de duas horas foi enviado à revista por um participante de uma reunião de membros do Partido Nacional de Hernández. Sua autenticidade não foi comprovada.

    Na gravação, uma mulher dá início à reunião afirmando que "isso fica entre nós, somos todos nacionalistas" ao pedir os celulares dos participantes. Ela diz ainda que os presentes foram "escolhidos a dedo" após participarem de treinamentos anteriores para trabalhar no dia da eleição. "Hoje é o Plano B. O Plano B significa que estamos na ofensiva."

    A mulher indica cinco métodos para fraudar a eleição em favor de Hernández, usando termos como "estratégia" e "técnicas".

    O primeiro seria fazer com que filiados ao Partido Nacional obtivessem credenciais de partidos menores para trabalhar nos locais de votação. A lei eleitoral permite que os dez partidos com candidatos na eleição indiquem dois representantes em cada um dos 5.687 locais de votação.

    As credenciais não trazem o nome do portador e, com mais nacionalistas em um local, o partido poderia ser beneficiado em caso de uma disputa levar a uma votação entre os delegados de cada legenda.

    A coordenadora da reunião gravada também sugere a quem for mesário deixar eleitores nacionalistas votarem mais de uma vez. "Se você me reconhecer, me deixe entrar, não pinte o meu dedo e eu sairei com minha boca fechada."

    Após votar, cada eleitor tem o dedo manchado com uma tinta não removível que evita que uma pessoa vote novamente.

    Além disso, a mulher sugere dificultar o processo de contagem das cédulas, estragando-as ao acrescentar marcas extras, preencher outras bolinhas em branco ao lado do nome dos candidatos e danificar o código de barras em fichas que registram candidatos da oposição. "Se eu perdi nesse local de votação, por que eu me importaria que a ficha chegue ao tribunal eleitoral?"

    O secretário do Partido Nacional, Juan Diego Zelaya, afirmou que desconhece qualquer "Plano B" ou treinamento do partido sobre métodos de fraude eleitoral. "Nossas sessões de treinamento correspondem ao estipulado pela lei eleitoral", afirmou. Ele questionou a autenticidade da gravação, mas disse que vai investigar se uma reunião assim ocorreu.

    Editoria de arte/Folhapress
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