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    Trump compartilha vídeos anti-islâmicos de grupo de extrema direita

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    29/11/2017 12h04 - Atualizado às 22h58

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    A conta no Twitter do presidente americano Donald Trump com vídeos contra muçulmanos
    A conta no Twitter do presidente americano Donald Trump com vídeos contra muçulmanos

    O presidente dos EUA, Donald Trump, compartilhou em sua conta no Twitter nesta quarta (29) três vídeos de cunho anti-islâmico publicados pela líder de uma organização ultranacionalista britânica. A atitude atraiu críticas da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, e de políticos americanos de ambos os partidos políticos.

    As imagens mostram homens descritos como muçulmanos cometendo atos violentos: um linchamento; a destruição de uma imagem de Nossa Senhora e uma agressão na rua. Ao menos um dos vídeos, porém, não traz um imigrante, ao contrário do que diz a publicação.

    Os tuítes reproduzidos por Trump vêm da conta de Jayda Fransen, uma das líderes do Britain First ("Reino Unido primeiro"), organização ultranacionalista acusada de "comportamento ameaçador ou insultuoso" em discursos e eventos no Reino Unido.

    Fransen, que tem 69 mil seguidores, celebrou o fato de ter sua mensagem propagada pelo presidente dos EUA, que tem 44 milhões.

    Os três vídeos receberam na rede social um alerta para "conteúdo sensível", o que exige um clique para assisti-los. O site também disponibiliza um formulário para denúncia de conteúdo impróprio. Na noite desta quarta, contudo, eles permaneciam no ar e na conta de Trump.

    A primeira publicação, reproduzida por mais de 13 mil pessoas em menos de 24 horas, traz o título "Migrantes muçulmanos batem em garoto holandês de muletas" e mostra um adolescente de pele escura batendo em outro de pele clara com muletas.

    Segundo autoridades holandesas, o episódio ocorreu em Monnickendam, no norte do país, em maio. O agressor nasceu e cresceu na Holanda. Ele foi detido.

    Os demais vídeos, que tiveram número semelhante de compartilhamentos, foram gravados na Síria e no Egito em 2013. Em um, sob a rubrica "Muçulmano destrói imagem da Virgem Maria", um homem de roupas islâmicas destrói uma estátua da santa. No outro, antecedido pela frase "Multidão muçulmana joga adolescente do telhado e o espanca até matá-lo", um grupo espanca um jovem.

    Em nenhum deles há contexto do momento político na época —a Síria em guerra e o Egito tomado por levantes– nem menção a facções radicais ativas na região, como o Estado Islâmico.

    A primeira-ministra britânica criticou Trump. "É errado o presidente fazer isso. O Britain First busca polarizar as comunidades usando narrativas de ódio que disseminam mentiras e acirram tensões", disse um porta-voz de May.

    À noite, o republicano rebateu a chefe de governo no Twitter: "Theresa, não se concentre em mim, concentre-se no destrutivo terrorismo radical islâmico que está tomando conta do Reino Unido. Nós estamos nos saindo bem por aqui."

    Nos EUA, o senador republicano Jeff Flake afirmou que a publicação era "extremamente inapropriada" e disse esperar que seja apagada. Seu colega e correligionário Lindsay Graham disse que os vídeos "legitimam a intolerância religiosa": "Precisamos de aliados muçulmanos para combater o terrorismo".

    Segundo a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, Trump publicou os vídeos para defender a necessidade de investir na segurança nacional. O presidente tuitou os vídeos sem mensagem.

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