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    Líder do SPD nega acordo por novo governo, mas abre porta para negociar

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    01/12/2017 12h11

    Maurizio Gambarini/AFP
    Martin Schulz, líder do SPD, durante seu discurso em Berlim nesta sexta (1º)
    Martin Schulz, líder do SPD, durante seu discurso em Berlim nesta sexta (1º)

    O líder do SPD (Partido Social-Democrata), Martin Schulz, foi a público nesta sexta-feira (1°) para desmentir os rumores de que havia aceitado negociar com a CDU (União Democrata-Cristã), da chanceler Angela Merkel, para formar o próximo governo alemão.

    "Eu repudio esse boato completamente. É falso e inaceitável", afirmou. Horas antes, o tabloide "Bild" havia noticiado o início das negociações entre os partidos. Caso fosse verdadeira, a notícia poderia significar o destrave da pior crise política alemã das últimas décadas.

    Merkel venceu as eleições de 24 de setembro, mas sem a maioria necessária para governar sozinha com seu partido, a CDU, e sua sigla-irmã da Baviera, a CSU. Ela negociou por semanas com os Verdes e com os liberais do FDP, mas as tratativas fracassaram em novembro, lançando a Alemanha —a maior economia da União Europeia— em uma inesperada instabilidade política.

    A aliança com o SPD, conhecida como "grande coalizão", é uma das últimas opções de Merkel antes de se render a novas eleições.

    Schulz, apesar de desmentir que as negociações já tenham começado, não negou a possibilidade de eventualmente chegar a um acordo com a CDU. "Há um consenso amplo para não fechar nenhuma opção em relação a formar o próximo governo", o líder do SPD disse a repórteres.

    SEM PRESSA

    Merkel e Schulz se reuniram na quinta-feira (30) com o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, para tentar resolver o impasse. Mas, mesmo se os dois partidos de fato iniciarem as negociações, o resultado pode levar semanas para o novo governo ser anunciado formalmente.

    O próprio SPD já avisou que não tem pressa. O ministro das Relações Exteriores, Sigmar Gabriel, membro do partido, afirmou em uma entrevista na quinta-feira que a cúpula social-democrata analisará as opções cuidadosamente. "Ninguém pode esperar que isso acontece de maneira rápida."

    Parte da resistência do SPD vem do resultado de sua última aliança com a CDU de Merkel, com quem governou nos últimos quatro anos. A parceria levou o partido ao seu pior resultado eleitoral nas eleições passadas, com 20,5% dos votos contra os 32,9% da CDU. No mesmo pleito, o partido de direita ultranacionalista AfD (Alternativa para a Alemanha) teve 12,6% dos votos.

    Enquanto um novo governo não for definido, a coalizão entre CDU e SDP segue governando o país.

    A calma do SPD, no entanto, contrasta com a urgência de Merkel e com as insistências do próprio presidente Steinmeier. A estabilidade da política alemã é vista como algo fundamental para toda a União Europeia, que enxerga em Merkel uma espécie de âncora.

    "A Europa precisa de uma Alemanha forte e, por isso, é desejável formar um novo governo rapidamente", Merkel disse em um discurso recente em Kühlungsborn, nordeste alemão.

    Como as negociações frustradas com os Verdes e com os liberais no mês passado, as tratativas preliminares entre a CDU e o SPD envolveriam uma série de sérios obstáculos.

    A CDU e a CSU (sua sigla-irmã na Baviera) querem cortar impostos e limitar a 200 mil por ano a entrada de migrantes. SPD, por outro lado, pede que não haja barreiras à vinda de familiares para que possam se reunir com refugiados já instalados no país. Em 2015 quase um milhão de pessoas chegou à Alemanha.

    Se Merkel não conseguir formar um governo com o SPD, sua alternativa será um governo de minoria com os Verdes —sem a maioria parlamentar, ela teria de negociar lei por lei com os demais partidos.

    Mas a chanceler já disse preferir novas eleições a um governo instável, o que faz do SPD sua última chance de manter o mandato atual. Voltar às urnas, ademais, preocupa os grandes partidos, pois poderia resultar em ainda mais votos ao partido nacionalista AfD.

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