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    Honduras impõe toque de recolher em meio a protestos após eleições

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    02/12/2017 11h24 - Atualizado às 22h50

    Honduras suspendeu o direito à livre circulação, na sexta-feira (1º), impondo um toque de recolher do anoitecer ao amanhecer, e dando ao Exército e à polícia mais poderes, depois que confusões e protestos, motivados por uma eleição contestada, deixaram pelo menos três pessoas mortas.

    Mais de 20 pessoas foram feridas e mais de 200 foram presas depois que líderes da oposição acusaram o governo de tentar fraudar a eleição, manipulando a contagem de votos.

    O toque de recolher nacional será imposto durante dez dias, segundo afirmou o ministro do governo Jorge Ramón Hernández em um comunicado simultaneamente transmitido por emissoras de TV e rádio.

    "A suspensão de garantias constitucionais foi aprovada para que as Forças Armadas e a polícia nacional consigam conter esta onda de violência que atingiu o país", disse Ebal Díaz, membro do conselho de ministros.

    SUSPEITAS DE FRAUDES

    Cinco dias depois do fechamento das urnas, nenhum vencedor emergiu da votação de domingo (26). O presidente Juan Orlando Hernández, candidato à reeleição, conseguiu uma pequena vantagem sobre seu adversário, mas milhares de votos contestados ainda podem mudar o resultado.

    O presidente do tribunal eleitoral, David Matamoros, disse que representantes dos partidos políticos estariam presentes para a contagem de votos e que nenhum anúncio seria feito até que houvesse um resultado final.

    Neste sábado, o principal candidato opositor, Salvador Nasralla, defendeu que sejam convocadas novas eleições, mas organizadas por um órgão eleitoral internacional, "porque aqui não há condições de garantir eleições justas".

    Sua coalizão, a Aliança da Oposição contra a Ditadura, não participou da recontagem promovida pela Corte. Por outro lado, exigiu uma revisão ampla dos votos em três jurisdições, em que a participação dos eleitores foi excepcionalmente alta e que o número de cédulas que apresentaram problemas foi maior que o divulgado pelo governo.

    A atuação de Juan Orlando Hernández é questionada pela oposição desde a candidatura. Ele só concorreu devido a uma sentença da Suprema Corte que contraria a Constituição —a lei máxima veda a reeleição consecutiva para presidente.

    Com a decisão judicial, passou a usufruir de um benefício ao qual se opôs oito anos atrás. Tanto ele quanto seu partido repudiaram a proposta de emenda constitucional feita pelo presidente esquerdista Manuel Zelaya, que dias depois acabou deposto em um golpe militar.

    A contradição foi usada como arma por seus adversários, principalmente Zelaya e Salvador Nasralla, um outsider que ficou em terceiro lugar na eleição de 2013. Neste ano, os dois formaram uma aliança cujo nome alude às acusações de autoritarismo que fazem contra o rival.

    Eles citam como exemplo dessa ação arbitrária a suposta cooptação da Suprema Corte e do TSE. O dito aparelhamento foi a principal justificativa da suspeita de fraude, e o andamento da apuração desde então fomentou as acusações contra Hernández.

    Os primeiros resultados foram divulgados às 2h de segunda (6h em Brasília). Com 57% dos votos apurados, Nasralla liderava a disputa com 45,17% dos votos, contra 40,21% do presidente. Ambos cantaram vitória -o presidente a embasou no fato de que faltavam urnas do interior hondurenho, que o beneficiariam.

    Não houve mais atualizações até as 16h de terça, quando foi revelada uma contagem com um ligeiro avanço após diversas reclamações da oposição e das missões de observação da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da União Europeia.

    Uma gravação obtida pela revista britânica "The Economist" sugere que o partido de Hernández teria realizado uma reunião para ensinar técnicas de como fraudar a eleição.

    Em um comunicado, o tribunal disse que qualquer sugestão de irregularidades em suas operações é falsa e lamentou a crescente violência nas ruas.

    A preocupação internacional tem crescido em relação à crise eleitoral no pobre país da América Central, que sofre com gangues violentas de traficantes e uma das maiores taxas de assassinatos no mundo.

    Honduras é fonte de ondas de imigrantes pobres para os Estados Unidos e se localiza no meio de uma das maiores rotas de tráfico de cocaína do mundo.

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