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    Governo Trump

    Efeito da reforma tributária de Trump divide economistas nos EUA

    DA AFP

    04/12/2017 02h00

    Uma ajuda para os mais ricos ou para a classe média, fomento para as empresas ou estimulo à economia: os méritos da reforma tributária nos Estados Unidos, aprovada neste sábado (2) pelo Senado, dividem economistas.

    O governo Trump apresentou a reforma como "a maior redução de impostos da história", para promover o crescimento, aumentar os salários, o lucro das empresas, e repatriar os ganhos das multinacionais.

    Mandel Ngan/AFP
    O presidente dos EUA, Donald Trump, embarca no Air Force One ao sair de Nova York para Washington
    O presidente dos EUA, Donald Trump, embarca no Air Force One ao sair de Nova York para Washington

    O texto aprovado pelo Senado tem agora que ser unificado com a versão aprovada na Câmara.

    Defensor do texto, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, divulgou recentemente uma carta de nove economistas que afirmam que a primeira reforma tributária em 30 anos aumentará o crescimento em 0,3% ao ano na próxima década.

    Mas, segundo um estudo da Universidade de Chicago, em que foram consultados 38 economistas, a maioria duvida que a reforma vá intensificar o crescimento econômico e quase todos temem que a dívida pública aumente.

    Robert Reich, ex-secretário do Trabalho do presidente Bill Clinton, acusa Steven Mnuchin de mentir sobre os benefícios da reforma tributária. Cita o Tax Policy Center, que, contrariando o que diz o governo, afirma que, até 2027, os benefícios da lei irão para o bolso do 1% mais rico, enquanto os menos favorecidos terão cortes modestos de impostos.

    Douglas Holtz-Eakin, um dos economistas que assinam a carta de apoio à reforma, disse à AFP que o novo código tributário busca, em primeiro lugar, "aumentar a capacidade produtiva da economia americana". A reforma quer promover "um crescimento da oferta antes que da demanda", explicou.

    A carga tributária para empresas, atualmente de 35%, caiu para 20% "na média dos países da OCDE". A taxa de 35% é, no entanto, teórica, já que, se forem levadas em conta as deduções oferecidas às empresas, a taxa efetiva nos Estados Unidos antes da reforma estava próxima de 21%, segundo economistas.

    Mas há mais estímulos para as empresas: certos tipos de companhias que representam metade da receita das corporações do país e 90% das pequenas empresas também se beneficiarão de redução de suas taxas.

    O argumento do governo é de que com isso os salários vão aumentar, no momento em que a renda real dos trabalhadores está estagnada há três décadas.

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    O QUE ESTÁ EM JOGO
    Reforma tributária de Trump reduz impostos, mas aumenta deficit

    1) Redução de impostos para empresas
    A alíquota para empresas cai de 35% para 20%, o que, segundo o governo, atrai investimentos ao país

    2) Aumento da dívida pública
    O corte de impostos representará uma perda de US$ 1,4 trilhão aos cofres públicos pelos próximos dez anos, o que pode levar a cortes orçamentários ou a um aumento da dívida

    3) Crescimento econômico e mais empregos
    Trump promete atrair mais empresas aos EUA com as novas alíquotas e aliviar a carga tributária da classe média. Há dúvidas, porém, sobre a eficácia da proposta, e parte dos cortes de impostos só vale até 2025

    4) Benefícios para os mais ricos
    Fim de benefícios fiscais a empréstimos estudantis e redução de impostos sobre propriedade podem aumentar a desigualdade, segundo analistas

    5) Vantagens para Trump
    O corte de impostos sobre imóveis pode poupar até US$ 1 bilhão das empresas do presidente, segundo o "New York Times"

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