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    Governo Trump

    Entenda em dez perguntas o impasse sobre Jerusalém

    DE SÃO PAULO

    06/12/2017 20h44

    Evan Vucci/Associated Press
    O presidente Donald Trump faz anúncio na Casa Branca
    O presidente Donald Trump faz anúncio na Casa Branca

    O presidente Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (6) que os EUA passam a reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, revertendo quase sete décadas de política externa americana, e determinou o início dos preparativos para a transferência da embaixada americana de Tel Aviv para a disputada cidade.

    Aliados e rivais dos Estados Unidos criticaram a decisão. Confira dez perguntas sobre Jerusalém e as declarações de Trump:

    1) De quem é Jerusalém?
    A cidade está sob controle de Israel desde a Guerra dos Seis Dias (1967), mas na prática é dividida entre lado ocidental, que tem maioria judaica e abriga o Parlamento israelense, e oriental, de maioria árabe, reivindicado pelos palestinos (a Autoridade Nacional Palestina está em Ramallah, Cisjordânia).

    2) O que se reivindica?
    Israel afirma que Jerusalém é sua capital única e indivisível, recorrendo a episódios históricos; os palestinos pleiteiam que Jerusalém Oriental seja a capital de seu futuro Estado, também alegando razões históricas.

    3) O que diz o mundo?
    A ONU determinou, em 1947, que Jerusalém fosse uma cidade com regime internacional, sem controle exclusivo de judeus, árabes ou cristãos. A maioria dos países hoje apoia a solução de dois Estados, determinada por negociações de paz entre israelenses e palestinos (congeladas desde 2014).

    4) O que Trump disse?
    Que os EUA reconhecem Jerusalém como a capital de Israel e que mudarão sua Embaixada em Israel, hoje em Tel Aviv, para a cidade em uma data futura.

    5) Quando os EUA mudarão a embaixada?
    Trump declarou iniciados os preparativos para a mudança, mas ao mesmo tempo assinou um adiamento por seis meses, como têm feito todos os presidentes dos EUA desde Bill Clinton em 1995. Ele não estipulou prazos e pode voltar a adiar o processo.

    6) Então o que muda?
    Na prática, nada. Trump ressalta que a definição das fronteiras sob soberania israelense deve ser objeto das negociações de paz israelo-palestinas e pede que a cidade fique aberta para "todas as fés"; segundo o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, o status dos locais sagrados será mantido.

    7) Quem tem embaixada em Jerusalém?
    Ninguém. Israel é reconhecido pela imensa maioria dos países, e apenas nações muçulmanas do Oriente Médio negam sua legitimidade (as exceções são o Egito e a Jordânia). Por causa da indefinição do status da cidade, porém, todos mantêm suas representações em Tel Aviv.

    8) E o processo de paz?
    Washington passa a ser visto como ator parcial, favorável aos israelenses, o que dificulta para os palestinos aceitar sua mediação. O alerta foi feito não só por países críticos aos EUA, mas também por governos europeus, a UE e a ONU.

    9) Qual o papel dos EUA na negociação?
    Os EUA foram o principal mediador do processo de paz desde 1967 -incluindo os acordos de Oslo (1993) e Camp David (2000), o Mapa do Caminho proposto com Rússia, UE e ONU (2003) e as negociações em Annapolis (2007) e Washington (2010).

    10) E o pleito palestino?
    A reivindicação sobre Jerusalém Oriental como capital de um Estado palestino pode ser mantida, mas há risco de a decisão dos EUA inflamar os muçulmanos na região e provocar uma nova onda de violência.

    Editoria de Arte/Folhapress

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