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    Turquia, China e Egito têm 50% dos jornalistas presos no mundo, diz ONG

    DE SÃO PAULO

    13/12/2017 03h02

    O Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) critica os governos dos EUA e da União Europeia por não pressionarem os países com maior número de prisões de profissionais da imprensa, que atingiu novo recorde neste ano.

    Em relatório a ser divulgado nesta quarta-feira (13), a organização afirma que Turquia, China e Egito concentram metade dos 262 jornalistas encarcerados no mundo entre janeiro e novembro —maior número da série histórica, iniciada em 1990.

    Ozan Kose - 2.dez.2017/AFP
    Manifestantes pedem a libertação de jornalistas e acadêmicos presos pelas autoridades turcas em Istambul
    Manifestantes pedem a libertação de jornalistas e acadêmicos presos pelas autoridades turcas em Istambul

    As autoridades turcas continuam na liderança das prisões, com 73, no que o CPJ vê como uma continuidade da pressão contra a imprensa após o golpe frustrado contra o líder do país, Recep Tayyip Erdogan, em julho de 2016.

    A maioria dos presos foi acusada com base na lei antiterrorismo por suposta relação com o Movimento Hizmet, do líder religioso Fethullah Gülen, considerado pelo mandatário turco o mentor da tentativa de derrubá-lo.

    "O CPJ tem entendido que os governos usam leis antiterrorismo amplas e vagas para intimidar e silenciar jornalistas críticos. Em muitos casos, as medidas legais confundem a cobertura da atividade terrorista com o apoio a ela."

    Para o CPJ, os países europeus, especialmente os membros da Otan, minimizam as críticas porque "estão vinculados pelo papel turco em abrigar refugiados sírios e outros acordos de cooperação".

    "Enquanto isso, [o presidente dos EUA, Donald] Trump o recebeu na Casa Branca em maio e recentemente o chamou de amigo."

    O republicano também é criticado por não citar a questão dos direitos humanos na China, com 38 jornalistas presos, e no Egito, com 20.

    O presidente americano se encontrou duas vezes com o dirigente chinês, Xi Jinping, a última em novembro, e outras duas com o mandatário egípcio, Abdel Fattah al-Sisi.

    No caso chinês, a organização atribui a omissão à influência de Pequim em relação à Coreia do Norte, diante das ameaças do regime de Kim Jong-un. Também cita a aprovação de uma lei antiterrorista que aprofunda a repressão contra a imprensa logo após a visita de Sisi à Casa Branca, em abril.

    'FAKE NEWS'

    O CPJ ainda repudia a atuação de Donald Trump por sua "retórica nacionalista, fixação com o extremismo islâmico e insistência em chamar a mídia crítica de 'fake news'". Para o comitê, isso reforça "a estrutura de acusações e indiciamentos que permitem àqueles líderes impulsionar a prisão de jornalistas".

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