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    Porto Rico ordena revisão e recontagem de mortes após furacão

    DE SÃO PAULO

    18/12/2017 12h44

    O governador de Porto Rico, Ricardo Rosselló, determinou nesta segunda-feira (18) que todas as mortes reportadas na ilha desde a passagem do furacão Maria sejam revistam, após reportagem do "New York Times" constatar que esse número havia sido significativamente mais alto do que o governo do território reconheceu.

    O jornal revisou os dados oficiais sobre óbitos do serviço de estatísticas porto-riquenho e constatou que, nos 42 dias desde que o furacão atingiu Porto Rico, em 20 de setembro, como uma tempestade tropical de categoria 4, 1.052 óbitos a mais do que seria normal no período foram registrados na ilha. A análise comparou o número diário de mortes em 2017 com o número médio de mortes para os mesmos dias em 2015 e 2016.

    Oficialmente, apenas 62 pessoas morreram como resultado da tempestade que varreu a ilha com ventos de quase 250 km/h, derrubando a rede elétrica de mais de 3,4 milhões de porto-riquenhos. As quatro últimas mortes classificadas como resultantes da tempestade foram incluídas na lista em 2 de dezembro.

    "Antes do furacão, minha média era de 82 óbitos por dia. Isso mudou entre 20 e 30 de setembro, quando a média de óbitos por dia subiu para 118", disse Wanda Llovet, diretora do registro demográfico de Porto Rico, em entrevista ao "New York Times" na metade de novembro.

    Segundo o anúncio desta segunda-feira, as autoridades irão verificar todas as mortes atribuídas a causas naturais após o furacão.

    "Isso tem a ver com mais do que números, isso são vidas: pessoas reais, que deixaram para trás entes queridos e famílias", afirmou em nota o governador Rosselló.

    O governador reconheceu que as mortes "podem ser mais altas que a taxa oficial fornecida até hoje" - um aparente recuo de seu governo, que passou meses defendendo o método de contagem.

    O método usado para computar oficialmente as mortes causadas por tempestades varia de Estado a Estado e de município a município. Em algumas áreas dos Estados Unidos, os legistas incluem apenas as mortes diretas, por exemplo os afogamentos causados por uma inundação.

    Em Porto Rico, porém, o cálculo oficial incluía mortes causadas indiretamente pela tempestade, como suicídios. É por isso que a disparidade entre o total oficial de vítimas da tempestade e o cálculo que aponta para centenas de óbitos adicionais no período é tão surpreendente.

    Um estudo conduzido por um professor da Universidade Estadual da Pensilvânia, e que não foi submetido a revisão científica, estima que o total de mortes pode ser 10 vezes mais alto do que calcula o governo. (Com o "New York Times")

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