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    Mudanças são necessárias, diz Macri sobre reforma da Previdência

    SYLVIA COLOMBO
    DE BUENOS AIRES

    19/12/2017 13h37

    O presidente argentino, Mauricio Macri, disse na manhã desta terça-feira (19), na Casa Rosada, em entrevista que sabe "que muitos argentinos acordaram hoje com muita angústia", referindo-se à aprovação da reforma da Previdência, na madrugada desta terça-feira (19).

    No início, Macri disse que os episódios de violência do lado de fora do Congresso foram "uma ação orquestrada, não uma reação espontânea da cidadania" e que a Justiça atuaria para descobrir "quem esteve por trás". Indagado sobre quem ele crê que estaria coordenando esta ação, declarou que prefere "esperar o resultado das investigações". Fez, porém, críticas à juíza local que proibiu, a pedido de um deputado kirchnerista, que as forças de segurança usassem armas de fogo na contenção dos protestos.

    Logo, Macri passou a explicar a reforma, dizendo que tem como objetivo "garantir não por seis meses ou por um ano, mas sim por toda a vida, a proteção para nossos aposentados contra a inflação, que é um mal que ainda não vencemos, mas contra quem ainda estamos lutando".

    Disse que a medida também ajudará a combater a pobreza. "A aprovação dessa reforma e das próximas que serão votadas na sequência nos dará mais recursos para reduzir esse índice" –atualmente, 30% da população está abaixo da linha da pobreza.

    "Eu entendo que muitas coisas não se sentem de um dia para o outro, e que muitas pessoas estão preocupadas, mas essas mudanças são necessárias e estou aqui para garantir que estaremos melhor num futuro próximo", afirmou o presidente, e reforçou que vários líderes mundiais têm afirmado a ele que "a Argentina está no caminho correto".

    Macri fez ainda um pedido aos aposentados "de que não pensem em seis meses, mas mais no futuro", e que as reformas fiscal e tributária, que começam a ser debatidas no Congresso a partir das 17h, caso aprovadas, significarão uma "redução de impostos a longo prazo e um aumento de poder aquisitivo num futuro próximo".

    "Não estou aqui para fazer o que é mais cômodo para mim", disse Macri. "Poderia não estar pensando em construir o futuro e apenas desfrutar dos meus últimos bons resultados eleitorais, do clima de fim de ano. Mas se estou propondo essas mudanças agora, é porque estamos convencidos de que são necessárias."

    Do lado de fora da Casa Rosada, nas principais avenidas do centro, foi possível observar os vestígios do que ocorreu na noite anterior: pedaços de cartazes e pedras no chão, alguns comércios ainda fechados e placas de trânsito pichadas.

    As linhas de metrô, os trens e os ônibus voltaram a funcionar ao meio-dia (13h em Brasília).

    *

    ARGENTINA REFORMA SUA PREVIDÊNCIA
    Veja quais os principais pontos da nova lei

    Fórmula de Reajuste

    Como era - Benefícios eram reajustados semestralmente por fórmula que levava em conta a alta dos salários (50%) e da arrecadação (50%)
    Como fica - Benefícios serão reajustados trimestralmente por fórmula que leva em conta a inflação (70%) e a alta dos salários formais (30%)

    Bônus Compensatório
    Para compensar a perda com a mudança da fórmula, haverá um pagamento único a 10 milhões de pessoas, em março de 2018

    Aposentadoria mínima
    Trabalhadores que se aposentarem com 30 anos de contribuições terão garantida a aposentadoria mínima que corresponde a 82% do salário mínimo

    Idade de Aposentadoria

    Mulheres
    Como era - Podiam se aposentar a partir dos 60 anos, com 30 anos de contribuição; era obrigatório se aposentar aos 65
    Como fica - Podem se aposentar a partir dos 60 anos, com 30 anos de contribuição; torna-se obrigatório se aposentar aos 70

    Homens
    Como era - Podiam se aposentar aos 65 anos, com 30 anos de contribuição
    Como fica - Podem se aposentar a partir dos 65, com 30 anos de contribuição; torna-se obrigatório se aposentar aos 70

    *Regra só vale para trabalhadores do setor privado

    17 MILHÕES
    de pessoas recebem benefícios como aposentadorias, pensões e Quota Universal por Filho (similar ao bolsa-família)

    13%
    do PIB argentino, aproximadamente, é gasto com a Previdência

    Fonte: "Clarín" e "La Nación"

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