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    Mais de 100 países desafiam Trump e votam contra EUA na ONU

    SILAS MARTÍ
    DE NOVA YORK

    21/12/2017 15h42

    Spencer Platt/Getty Images/AFP
    Painel mostra resultado de votação na Assembleia Geral da ONU, em Nova York
    Painel mostra resultado de votação na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York

    O resultado era esperado. Numa rara sessão de emergência da Assembleia-Geral das Nações Unidas, 128 países votaram contra a decisão dos Estados Unidos de mudar sua embaixada em Israel para Jerusalém, ideia de Donald Trump que detonou uma onda de violência na região.

    Nove países, entre eles EUA e Israel, votaram a favor do reconhecimento americano da cidade sagrada como capital israelense, enquanto outros 35 países se abstiveram.

    O voto em massa contra Washington dá a entender que as ameaças de Trump de cortar a ajuda aos países que forem contra os interesses dos EUA na região não surtiram efeito.

    Nikki Hailey, embaixadora americana nas Nações Unidas, voltou a fazer ameaças em discurso diante da Assembleia-Geral na hora da votação, causando só um muxoxo entre os delegados. Haley lembrou que os EUA são o país que mais contribui com dinheiro para a ONU.

    "Quando fazemos contribuições generosas para a ONU, temos expectativas legítimas. Quando um país é atacado aqui, ele está sendo desrespeitado e instado a pagar pelo privilégio de ser desrespeitado", disse. "A decisão já foi tomada e é conhecida. A América levará sua embaixada para Jerusalém."

    No mesmo tom do presidente, Haley acrescentou que o único impacto da votação nas Nações Unidas é que ele "fará os americanos olharem de outra forma para a ONU". "Este voto será lembrado", disse a diplomata americana.

    No início da semana, quando o Conselho de Segurança das Nações Unidas optou por não condenar a proposta americana (os EUA, que têm poder de veto, deram o voto solitário contra a reprimenda), seu discurso foi semelhante.

    Ela falou mais uma vez diante da Assembleia-Geral depois de representantes do Iêmen e da Turquia, dois dos países que lideraram o movimento de levar essa discussão para o plenário do órgão.

    Khaled Hussein Al-Yamani, o representante iemenita, disse que a decisão americana só "espalha as chamas da violência e da segregação" na região e pediu respeito a uma resolução da ONU contra o estabelecimento de missões diplomáticas em Jerusalém.

    Um representante da Palestina, Riyad Mansour, atacou a "natureza perigosa da decisão americana", algo que "favorece o extremismo e o terrorismo" e ainda desqualifica esforços de Washington para negociar a paz na região.

    Mais duro, Danny Danon, embaixador israelense na ONU, ironizou a votação. "Aqueles que apoiam a resolução de hoje são marionetes que dançam para a felicidade das lideranças palestinas", disse. "Essa é uma performance da desilusão. Essa resolução é uma fraude, que só faz com que os palestinos continuem a rejeitar a paz."

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