• Mundo

    Monday, 06-May-2024 00:26:59 -03

    Repatriação de mulheres e filhos de extremistas esbarra em entrave legal

    CLARICE SPITZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    24/12/2017 02h00

    A eventual repatriação de mulheres e crianças francesas detidas na Síria e no Iraque é um tema complexo por causa de questões jurídicas e geopolíticas, dizem advogados que representam famílias de extremistas.

    O governo francês reconhece as decisões tomadas pela Justiça iraquiana, que prevê, por exemplo, a pena de morte. Na Síria, a situação é mais nebulosa. A França não tem representação diplomática no país, e qualquer negociação oficial sobre o destino dos detentos está fora da pauta.

    Os advogados Vincent Brengarth e William Bourdon defendem seis famílias que poderiam ser contempladas pela repatriação, entre elas a de Melina, jovem francesa encontrada pelas autoridades iraquianas em Mossul com seus quatro filhos.

    Segundo os advogados, um compromisso diplomático foi firmado entre a França e o Iraque para que as crianças retornem ao território francês e para que a mãe seja julgada no Oriente Médio.

    A volta dos filhos de Melina poderia criar uma jurisprudência para o regresso de crianças de combatentes do EI, na opinião de Brengarth.

    "Ser julgado hoje no Iraque significa, no mínimo, ser condenado a pena perpétua", afirma ele, que diz não ter sido notificado sobre o teor das acusações contra Melina.

    "O governo francês deu um sinal de que a repatriação será restrita. Mesmo que tenha sido uma evolução positiva, é preciso conciliar Justiça e direitos humanos", acrescenta Brengarth.

    A advogada Samia Maktouf representa cinco famílias que buscam recuperar os netos, supostamente na Síria e na Turquia. Os parentes enviaram em outubro carta ao presidente Macron.

    "Quando se fala de crianças francesas, não se pode tratar caso a caso. São crianças nascidas no terror, mas para as quais queremos oferecer um futuro", diz ela.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024