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    Ex-jogador de futebol George Weah é eleito presidente da Libéria

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    28/12/2017 16h14

    Thierry Gouegnon/Reuters
    George Weah chega à sede de seu partido em Monróvia, na Libéria
    George Weah chega à sede de seu partido em Monróvia, na Libéria

    O ex-jogador de futebol George Weah, 51, foi eleito presidente da Libéria, derrotando o vice-presidente Joseph Boakai, que é do mesmo partido da atual presidente Ellen Johnson Sirleaf.

    Weah obteve 61,5% dos votos, contra 38,5 de Boakai, segundo informou a comissão eleitoral com 98,1% das urnas apuradas. O craque deve tomar posse 22 de janeiro.

    Trata-se da primeira transferência democrática de poder desde 1944, apesar de acusações de fraude, em um país marcado pela pobreza, onde a maior parte dos cidadãos não possui energia elétrica confiável ou água potável.

    Na sede do partido nos arredores da capital, Monróvia, as lágrimas desciam pelo rosto de Weah enquanto ele cumprimentava simpatizantes da varanda. Do lado de fora, jovens corriam pelas ruas e tocavam buzinas em comemoração.

    "Meus camaradas liberianos, sinto profundamente a emoção de toda a nação", escreveu Weah no Twitter após o anúncio dos resultados. "Meço a importância dos resultados e a responsabilidade da imensa tarefa que abraço hoje. A mudança está a caminho."

    "O sucesso de George Weah é a vitória para todo o país", disse o engenheiro Randall Zarkpah, 47. "Quando você está doente e recebe remédio _assim é como estou me sentindo. Ele vai ser bom para nosso país. Ele é o Rei George!"

    Weah cresceu na favela de Clara Town, em Monróvia, antes de se tornar um atleta internacional. Sua história de sucesso ajudou-o a capitalizar com a insatisfação com os 12 anos de governo Johnson Sirleaf.

    Mas seus críticos acham que ele tem poucas propostas concretas para combater a pobreza. Também gera preocupação o fato de que sua vice, Jewel Howard-Taylor, é ex-mulher de Charles Taylor, ex-presidente atualmente cumprindo 50 anos de prisão no Reino Unido por crimes de guerra na vizinha Serra Leoa.

    "Acho que Weah não está apto para o trabalho. Ele verá isso", disse Anthony Mason, 34, na sede do Partido Unidade, de Boakai.

    Weah deveria abocanhar 14 dos 15 condados da Libéria no segundo turno. O comparecimento na votação foi de 56%, segundo a comissão eleitoral.

    Nesta quinta, Boakai disse duvidar que a votação tenha sido "livre, justa e transparente", sem elaborar. Ele não afirmou se contestaria o resultado.

    Thierry Gouegnon/Reuters
    Simpatizantes de George Weah comemoram sua eleição nas ruas de Monróvia, Libéria
    Simpatizantes de George Weah comemoram sua eleição nas ruas de Monróvia, Libéria

    O segundo turno das eleições, realizado na terça-feira (26), no qual votaram cerca de 2,2 milhões de pessoas, foi adiado em mais de um mês após Boakai e outro candidato alegarem ampla fraude na votação do primeiro turno em outubro, em um recurso que a Suprema Corte rejeitou neste mês.

    O regime de 12 anos da vencedora do prêmio Nobel da Paz Johnson Sirleaf cimentou a paz no país do oeste da África, após a guerra civil acabar em 2003.

    Mas críticos, incluindo grande parte da juventude do país, dizem que o governo de Sirleaf foi marcado por corrupção e que ela fez pouco para tirar a maior parte dos liberianos da extrema pobreza.

    A Libéria também foi atingida por uma crise do Ebola, que matou milhares entre 2014 e 2016, enquanto uma queda nos preços do minério de ferro desde 2014 prejudicou as receitas de exportação.

    Weah, que foi eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa em 1995, mesmo ano em que ganhou a Bola de Ouro da revista "France Football", foi o mais votado no primeiro turno, com 38% dos votos, contra 29% de Boakai. Ele já tinha se candidatado a presidente em 2005, quando perdeu para Sirleaf, e a vice-presidente na chapa de Winston Tubman, em 2011, eleição também vencida por Sirleaf. Em 2014, o ex-jogador foi eleito senador.

    O liberiano Weah fez carreira em clubes da Europa nos anos 1990, tendo jogado no Paris Saint-Germain, Milan e Manchester City, entre outros. Ele se aposentou do futebol em 2003, aos 37 anos.

    A Libéria é a república moderna mais antiga da África; o país foi fundado por ex-escravos fugidos dos EUA em 1847. Sua última transição democrática foi em 1944; em 1980, houve um golpe militar no país e depois uma guerra civil que durou 14 anos, terminando só em 2003.

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