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    Imigrantes lutam para entrar na universidade nos Estados Unidos

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    ENVIADA ESPECIAL À GEÓRGIA (EUA)

    31/12/2017 02h00

    Georgia State University/Divulgação
    A iraquiana Shahed Waheeb, 23, estuda química na Geórgia
    A iraquiana Shahed Waheeb, 23, estuda química na Geórgia

    Foi preciso muita persistência para que a iraquiana Shahed Waheeb, 23, conseguisse entrar na Universidade do Estado da Geórgia, três anos atrás.

    Recém-chegada da Síria, de onde saiu como refugiada com a família, ela teve que fazer exames de saúde, revalidar o diploma de ensino médio, gastar US$ 120 em taxas e entender os formulários financeiros do sistema universitário americano. Sem a ajuda de ninguém.

    "Era tudo tão difícil, longo e confuso", lembra.

    Waheeb, que cursa o terceiro ano da graduação em química, agora integra um grupo de estudantes e professores que quer estimular outros imigrantes a ingressarem no ensino superior.

    A ideia do Mina (sigla em inglês para Iniciativa de Tutoria a Novos Americanos) é fazer da educação uma ferramenta de inclusão e tornar a universidade mais amigável a esses estudantes. Não há dados sobre quantos dos alunos estrangeiros da Universidade da Geórgia são refugiados —mas sabe-se que ainda são poucos.

    "Quando eu falei para a minha orientadora do colégio que queria ser médico, ela riu", lembra o sírio Heval Kelli, 34, que, apesar dos prognósticos, formou-se em medicina e cursa residência em cardiologia. Ele é um dos coordenadores do programa na universidade, onde estudou depois de vir da Síria como refugiado, em 2001, e começar a vida na América lavando pratos.

    "Qualquer refugiado, quando chega aqui, já sofreu muito. A única coisa que a maioria quer é sobreviver. Não pensa em mais nada", afirma a estudante síria Douha Ghazal, 22.

    Movida pelo sonho de estudar, ela procurou a universidade. Ficou chocada quando soube quanto pagaria. Foi só depois que soube que poderia pleitear ajuda financeira, e acabou aceita, com a ajuda do Mina.

    A professora Mary Helen O'Connor, que coordena o programa, diz que a educação é um fator de proteção para os refugiados —além de crucial para a economia do país. "Temos uma escassez de 250 mil trabalhadores qualificados na Geórgia e estamos deportando gente", lembra a docente. (ehc)

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