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    Turquia ameaça ampliar ofensiva na Síria até a fronteira com o Iraque

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    DE SÃO PAULO

    27/01/2018 02h00

    George Ourfalian/AFP
    Curdos sírios velam vítimas de ofensiva das forças da Turquia sobre minoria étnica em Afrin
    Curdos sírios velam vítimas de ofensiva das forças da Turquia sobre minoria étnica em Afrin

    O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta sexta-feira (26) que vai ampliar sua ofensiva contra os curdos na Síria até a fronteira com o Iraque, aumentando o risco de um confronto com as forças americanas presentes na região.

    Os comentários foram interpretados como uma resposta aos EUA, que haviam conclamado os turcos a manter sua ofensiva "limitada em duração e magnitude".

    A Turquia começou a investir contra os curdos em Afrin, no noroeste da Síria, no último dia 20, abrindo um novo front na guerra síria, que começou em 2011 e já causou mais de 350 mil mortes. O governo turco afirma que a milícia curda síria é terrorista. Os EUA se aliaram à milícia curda YPG para combater a facção terrorista Estado Islâmico na Síria, fornecendo armas e treinamento.

    Saleh Abo Ghaloun/AFP
    Soldados turcos são vistos na área de Mount Bersaya, ao norte da cidade síria de Azaz, próximo à fronteira com a Turquia
    Soldados turcos na área de Mount Bersaya, ao norte de Azaz, na fronteira síria com a Turquia

    O governo turco já havia anunciado que iria mover sua ofensiva para a cidade de Manbij, a 100 km de Afrin. Lá estão baseados cerca de 2.000 soldados americanos.

    Uma operação turca em Manbij traria risco de choques diretos com forças americanas, em um confronto envolvendo dois membros da Otan, aliança militar ocidental.

    "A Operação Ramo de Oliveira vai continuar até atingir seus objetivos. Nós vamos limpar Manbij de terroristasnão se preocupem, os donos reais de Manbij não são esses terroristas [curdos], são nossos irmãos árabes", disse Erdogan. "De Manbij, vamos continuar a batalha até que não sobre nenhum terrorista até a fronteira com o Iraque."

    "Qualquer um que apoie a organização terrorista será um alvo nesta batalha", disse o vice-premiê turco, Bekir Bozdag, referindo-se às milícias curdas YPG na Síria. "Os EUA precisam rever seus soldados na área e seu apoio a terroristas, para evitar um confronto com a Turquia."

    Um erro de cálculo dos EUA precipitou a invasão turca em Afrin. Em discurso, o secretário de Estado, Rex Tillerson, afirmou que os americanos manteriam presença na Síria no longo prazo. Pouco antes, os EUA haviam anunciado que patrocinariam uma força de fronteira com 30 mil homens.

    Como os EUA estão aliados aos curdos, a Turquia encarou o anúncio como a constituição de um Exército curdo permanente com apoio e armamentos americanos.

    A Rússia, que mantinha soldados e controlava o espaço aéreo em Afrin, em colaboração com os curdos, irritou-se e abriu caminho para os bombardeios turcos.

    Com isso, a Turquia aprofundou a aliança estratégica que vem selando com Moscou. O regime do ditador sírio Bashar al-Assad, embora condene a ação turca, não quer que a autonomia curda se consolide na região, por isso não agiu.

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